Em 2004, Miguel Nagib, criador do Movimento Escola Sem Partido, lançou a estranha ideia de que o Brasil precisava tomar medidas contra o que chamou de “doutrinação”. Desde 2014, setores contrários ao saber e à ciência pegaram a prancha da intolerância e correram para a onda que se levantava. Desde então, foram apresentados pelo menos 60 projetos de lei em todo o país com a mesma proposta: impor nas salas de aula um ambiente intimidador para o desenvolvimento da educação.
Os professores seriam só porta-vozes do conteúdo elencado pelo Ministério da Educação, sem qualquer discussão ou análise crítica. Na prática, o projeto serve justamente para perseguir professores e impedi-los de trabalhar conteúdos fundamentais. O projeto, então, com cara autoritária, ganhou apelido mais adequado: Lei da Mordaça. Inclusive, há casos em que a lei chegou a ser aprovada, mas a sua aplicação foi suspensa pelo poder judiciário. Aqui no Paraná, no dia 16, o Projeto Escola sem Partido foi rejeitado pela maioria dos deputados (27 x 21). Educadoras e educadores respiraram aliviados, numa vitória democrática. Que seja um exemplo para o Congresso Nacional, onde projetos semelhantes seguem em discussão. Que seja mais uma esperança de vitória da vida sem mordaça.