Rio de Janeiro

MOBILIDADE

Ciclistas de Niterói (RJ) cobram segurança no trânsito após morte por atropelamento

Conrado Gomes, de 33 anos, foi atropelado por um caminhão em uma das principais vias da cidade na última semana

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ato simbólico no bairro de Icaraí, zona sul de Niterói (RJ), cobrou segurança para ciclistas na cidade
Ato simbólico no bairro de Icaraí, zona sul de Niterói (RJ), cobrou segurança para ciclistas na cidade - Reprodução/Pedal Sonoro

A morte por atropelamento de um ciclista em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, na última semana, reacendeu o debate sobre mobilidade urbana, estrutura viária e segurança no trânsito na cidade. Conrado Gomes, de 33 anos, morreu após colidir na traseira de um carro, cair na pista e ser atropelado por um caminhão pipa na Avenida Marquês de Paraná, no centro de Niterói. 

Em memória ao ciclista e outras vítimas do trânsito na cidade, foi realizado no último domingo (29) um ato simbólico no bairro de Icaraí. Durante o evento, ciclistas e demais presentes cobraram uma solução da prefeitura em relação ao local onde ocorreu o acidente. O trecho é uma das principais vias de acesso para o centro e a zona sul de Niterói.

Em entrevista ao Programa Brasil de Fato RJ, o cicloativista e integrante do coletivo "Pedal Sonoro", Marcelo Santos, destacou que as cidades não estão preparadas para ciclitas. "Podemos afirmar que foi uma tragédia anunciada. Os coletivos sempre reivindicaram a segurança nas ruas de Niterói, que passa por um problema que nasce com a exploração urbanística nos anos 2000 pelas empreiteiras, o crescimento desordenado, aumento do número de automóveis. Tendo que dar vasão para o trânsito, o alargamento de ruas e uma série de obras de infraestrutura acabaram por colocar em risco as pessoas que andam ou pedalam", afirma.  

Além de não ser poluente e trazer benefícios para a saúde, a bicicleta também é uma alternativa viável de locomoção a baixo custo nas cidades. Segundo a última pesquisa Perfil do Ciclista, com dados de 2018, mais de 22% dos ciclista brasileiros utilizam a bicicleta como meio de transporte porque é mais barato. Entretanto, a falta de segurança no trânsito é apontada por 40,8% dos entrevistados como principal problema enfrentado no uso da bicicleta como meio de transporte.  

"Está mais do que claro que precisamos colocar em prática a política do acalmamento do trânsito e reduzir a velocidade como recomenda o Código Brasileiro de Trânsito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a velocidade seja abaixo de 50km/h nos centros urbanos. É uma questão que vale para todas as cidades do Brasil. O poder público precisa ver a bicicleta como está sendo vista no mundo inteiro, como uma possibilidade viável para as pessoas se locomoverem", completa o cicloativista. 

Em nota, a Prefeitura de Niterói lamentou a morte do ciclista e afirmou que o município "trabalha para que não haja nenhuma vítima de trânsito, seja ciclista, motociclista, motorista ou pedestre". Disse ainda deve entregar uma via exclusiva para ciclistas na Avenida Marquês do Paraná até dezembro deste ano. Segundo moradores, nenhuma sinalização foi colocada na Avenida após o acidente. 

*Entrevista: Denise Viola | Texto: Clívia Mesquita

Edição: Mariana Pitasse