Tsunami Verde

Mulheres argentinas realizam maior encontro da América Latina às vésperas de eleição

Mais de 200 mil se reúnem em La Plata para debater a legalização do aborto e como barrar a crise no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Marcha de abertura do 34º Encontro Plurinacional de Mulheres, que é realizado pelo movimento feminista argentino.
Marcha de abertura do 34º Encontro Plurinacional de Mulheres, que é realizado pelo movimento feminista argentino. - Foto: Marcha Notícias

Mais de 200 mil mulheres de toda a Argentina se reúnem, neste sábado (12), na cidade de La Plata, para abrir o 34º Encontro Plurinacional de Mulheres, evento realizado pelo movimento feminista do país anualmente.

A duas semanas da eleição presidencial do país, as participantes debaterão temas da agenda feminista que vêm ganhando força desde as massivas mobilizações pelo aborto legal no país realizadas em 2018.

Além da defesa do direito ao aborto legal como parte da autonomia das mulheres, elas reivindicam também a construção de alianças para enfrentar o conservadorismo e a crise econômica resultado de 4 anos de políticas neoliberais no governo de Maurício Macri.

::60 mil mulheres reafirmam o compromisso com o feminismo em encontro na Argentina::

Histórico

Em outubro de 2018, cerca de 60 mil mulheres reunidas na cidade de Trelew, cidade de Trelew, na província de Chubut, deliberaram pela ampliação do caráter do evento, que até o ano passado levava no nome dimensão nacional. Este ano, atendendo à reivindicação de mulheres indígenas presentes que defenderam a autodeterminação de seus povos no território argentino, no evento do ano passado, foi batizado de Encontro Plurinacional de Mulheres.

Na ocasião, além de reafirmarem o compromisso e a força dos tradicionais pañuelos verdes, símbolo da Campanha Nacional pela Legalização do Aborto, que expandiu o debate sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres no país e propôs a Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE), vetada pelo Senado argentino em agosto de 2018, as ativistas foram violentamente reprimidas pela polícia local, durante uma multitudinária manifestação de rua, como ato de encerramento do encontro.

Segundo dados da Campanha Nacional Pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, cerca de 600 mil mulheres abortam todo ano no país, o que comprova que a ilegalidade não proíbe que a prática aconteça, mas expõe as mulheres a mais riscos. De acordo com as estatísticas oficiais do Ministério da Saúde, cerca de 100 mulheres morrem por ano em decorrência de abortos inseguros. No entanto, para as organizadoras da campanha, há uma subnotificação das mortes por aborto clandestino.

As ativistas também querem mudança na política econômica da Argentina. Junto com milhares de argentinos, em agosto passado, foram às ruas na jornada de manifestações chamada de “Urgencia para enfrentar el hambre" (Urgência para enfrentar a fome). Na pauta de reivindicações está aumento do salário social complementar – programa equivalente ao Bolsa Família –, bonificação no valor de 2.000 pesos argentinos (o equivalente a R$ 143,47 na cotação de hoje) a integrantes de cooperativas de trabalho e fortalecimento por parte do governo dos centros que distribuem alimentação para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Edição: Cecília Figueiredo