briga interna

Presidente do PSL é alvo de busca da PF em caso de candidaturas laranjas

Operação vasculha endereços ligados a Luciano Bivar, que está em disputa aberta com Bolsonaro pelo controle do partido

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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 Deputado federal Luciano Bivar é alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga um esquema de candidaturas laranjas
Deputado federal Luciano Bivar é alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga um esquema de candidaturas laranjas - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do PSL, deputado federal Luciano Bivar, é alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga um esquema de candidaturas laranjas. A operação foi deflagrada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE/PE) na manhã desta terça-feira (15), com busca e apreensões em endereços ligados a Bivar.

Investigação da PF tem relação com candidaturas frias de mulheres que teriam sido utilizadas para desviar recursos dos fundos eleitorais e partidários nas eleições de 2018. 

As suspeitas envolvendo o partido começaram a tomar forma em fevereiro deste ano após o jornal Folha de S. Paulo publicar uma matéria revelando que o PSL teria repassado R$ 400 mil do fundo partidário a uma pernambucana de 68 anos chamada Maria de Lourdes Paixão. 

“As medidas de busca e apreensão, deferidas pelo TRE/PE, visam esclarecer se teria havido burla ao emprego dos recursos destinados às candidaturas de mulheres, tendo em vista que ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados na campanha das candidaturas do sexo feminino, havendo indícios de que tais valores foram aplicados de forma fictícia objetivando o seu desvio para livre aplicação do partido e de seus gestores”, diz a PF em nota.

A operação, batizada de Guinhol, em referência a uma marionete, personagem do teatro de fantoches, investiga os crimes eleitorais e também de organização criminosa. A PF considera ainda que as mulheres podem ter se candidatado com o objetivo exclusivo de movimentar dinheiro ilegalmente. 

Em nota, o Escritório de Ademar Rigueira, que responde pela defesa de Luciano Bivar, afirmou que a operação ocorre "fora de contexto".

"A Defesa enfatiza que o inquérito já se estende há 10 meses, já foram ouvidas diversas testemunhas e não há indícios de fraude no processo eleitoral. Ainda na visão da Defesa, a Busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência política".

Rusgas

A operação deflagrada nesta terça ocorre em um momento em que Jair Bolsonaro e Bivar estão em pleno embate público pelo controle de recursos milionários do fundo partidário e pela hegemonia da segunda maior bancada da Câmara dos Deputados. 

Na última quarta-feira (9) Bivar chegou a afirmar que Bolsonaro “já está afastado do PSL". A declaração ocorreu como resposta ao posicionamento de Bolsonaro, que um dia tinha rechado a associação de seu nome a Bivar. “O cara tá queimado pra caramba lá. Entendeu? E vai queimar meu filme também. Esquece esse cara. Esquece o partido”, afirmou o presidente a um correligionário. 

Em entrevista ao G1, Bivar disse que o PSL não irá mudar “nada se o Bolsonaro sair".

"Não estamos em um grêmio estudantil. Ele pode levar tudo do partido, só não pode levar a dignidade, o sentimento liberal que temos e o compromisso com o combate à corrupção”.

Edição: João Paulo Soares