Educação

Educação brasileira segue estagnada, de acordo com dados do Pisa

Apesar de não ser o último lugar da América Latina, como supôs Weintraub, metade dos alunos ainda não compreende texto

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O quadro mais crítico é o de matemática
O quadro mais crítico é o de matemática - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou nesta terça-feira (3) os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), um dos processos mais conhecidos de avaliação de educação básica do mundo, referentes ao ano de 2018. Para os brasileiros, as informações não trouxeram novidades: o Brasil está estagnado no desempenho educacional por quase uma década, com baixas estatísticas em comparação a outros países.

Entre 2003 e 2018, o Brasil apresentou uma leve melhora. No entanto, parte desse desenvolvimento se deu nos primeiros ciclos do Pisa. Depois de 2009, a performance dos estudantes em matemática, leitura e ciência ficou estagnada.

Apesar de resultados desanimadores, o ministro da Educação Abraham Weintraub errou na mira ao dizer que o Brasil teria grande probabilidade de estar na última posição na região da América Latina – suposição, esta, que fez com base “em números robustos”.

A educação brasileira aparece com desempenho similar ao de Argentina, Peru e Colômbia e abaixo de Chile, Uruguai, México e Costa Rica em todos os quesitos -- leitura, ciências e matemática  no ranking de ciências. 

Matemática, ciências e leitura

A situação se agrava quando o espectro se abre para o conjunto de  78 países analisados em 2018, com alunos de 15 anos. O quadro mais crítico é o de matemática. Somente 32% dos estudantes brasileiros que realizaram o exame atingiram o nível mínimo da disciplina no país, ou seja, demonstraram que conseguem, por exemplo, converter preços em variadas moedas.

A título de comparação, as províncias chinesas de Beijing, Xangai, Jiangsu e Zhejiang, 98% dos estudantes atingiram esse patamar. A média de todos os países integrantes da OCDE é de 76%.

Em ciências, 45% dos brasileiros atingiram o nível mínimo. Isso significa que eles conseguem identificar, com base em dados disponíveis, quando uma conclusão é verdadeira ou não. A média entre os 79 países é de 78%.

O quesito leitura é o que se destaca positivamente: 50% chegaram ao mínimo, diante de 77% da média total. Nesse caso, significa que tais estudantes conseguem identificar, em um texto de tamanho médio, a informação principal ali contida. 

Questão de gênero

Na questão de gênero, as pessoas do sexo feminino ultrapassaram as do sexo masculino em 26 pontos, no quesito leitura. Em matemática, foi o contrário: os meninos ultrapassam as meninas em nove pontos. Mas em ciências, ambos tiveram performances similares.

Situação socioeconômica

De acordo com o relatório, os alunos “favorecidos” economicamente superaram os alunos desfavorecidos na leitura em 97 pontos. No PISA de 2009, quando o Brasil entrou na faixa de estagnação, essa diferença era de 84 pontos.

Mundo

O topo do ranking é preenchido por países asiáticos. Na China, Beijing, Xangai, Jiangsu e Zhejiang têm performance expressiva, apesar de não serem representativos dos números do país. Segundo os dados, os alunos dessas quatro regiões estão os 10% com pior nível socioeconômico da China, mas superam a média dos países integrantes da OCDE no quesito leitura.

“O que torna sua conquista ainda mais notável é que o nível de renda dessas quatro regiões chinesas está consideravelmente abaixo da média da OCDE. A qualidade das suas escolas hoje alimentará a força de suas economias amanhã”, afirma no prefácio do documento o secretário-geral da organização, Angel Gurría.

Na Europa, o país que está melhor ranqueado é a Estônia: 5º lugar em leitura, 8º em matemática e 4º em ciência. Portugal, por sua vez, é a único país da União Europeia que está entre os sete sistemas educacionais, de 79, que apresentaram melhora significativa nas três áreas desde o início da série histórica, em 2000.

Os Estados Unidos ficaram em 11º lugar em leitura, 30º em matemática e 16º em ciências, o que apresenta uma linha de estabilidade nos dados desde os primeiros anos do PISA. 
Confira, em breve, a análise dos números. 

Edição: Julia Chequer