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Grupos só de mulheres ganham cada vez mais espaços nas rodas de samba

Letras relembram sambistas que fizeram história e falam das lutas das mulheres

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Mulheres do Samba de Moça Só apresentando suas músicas autorais que pedem direitos através das letras
Mulheres do Samba de Moça Só apresentando suas músicas autorais que pedem direitos através das letras - Foto: Arquivo pessoal
Letras relembram sambistas que fizeram história e falam das lutas das mulheres

Na semana em que se comemora o Dia Nacional do Samba, pandeiro, repique e tamborim fazem toda a diferença nas mãos das mulheres brasileiras. Com suas vozes, elas celebram e lutam por direitos através do ritmo. As sergipanas do Samba de Moça Só e as paulistanas do Samba de Dandara são bons exemplos dos encontros fortalecedores que o samba feito por mulheres proporciona.

Há quase uma década nas rodas espalhadas por todo o país, elas tocam e compõem para honrar as sambistas que vieram antes e para cantar juntas a liberdade e a luta contra o machismo, o racismo, a homofobia e a violência contra a mulher. 

Desde 2012 nas rodas de São Paulo, o Samba de Dandara é samba de empoderamento formado por Maíra da Rosa na voz, Laís Oliveira no cavaquinho, Laurinha Guimarães no violão, Mariana Rhormens na flauta e percussão, Camila Alcântara e Ana Lia Alves na percussão. 

“A nossa proposta é fazer samba e seguir a trilha das grandes mulheres sambistas que são as mulheres que já estavam presentes na nossa casa, na nossa história, a família da Lais é toda do Peruche. A Bernadete do Peruche é nossa madrinha também. Então, a gente vai se reencontrando com essa história, assim como todas as brasileiras sofrem um apagamento, a gente vai reencontrando essa história, recontando essa história, e o nosso fio condutor é o samba”, explica Maíra da Rosa, responsável pela voz no Samba de Dandara, e pelas letras das canções do grupo. Ela não esquece também de exaltar alguns dos nomes das grandes compositoras e intérpretes vivas no samba da cena em São Paulo: Ana Elisa, Sara Brandão, Maira Ranzeiro, Raquel Tobias.

Grupo Samba de Moça só em uma das apresentações que reúnem grande número de pessoas. Foto: Arquivo pessoal. 

As mulheres do Samba de Moça Só também saúdam as guerreiras do samba e lutam pelo protagonismo da mulher na cidade de Aracaju, em Sergipe. Em 2011, quando surgiram, foram logo  amadrinhadas pela sambista Leci Brandão. No repertório, elas misturam a inspiração vinda do samba de Pareia de Dona Nadir, mestra do Quilombo sergipano da Mussuca e a ciranda da pernambucana Lia de Itamaracá. 

Quem conta o nascimento desse encontro através do samba entre sergipanas, é Claudia Cristine, pandeirista do grupo:

“E aí a gente se conheceu e resolveu iniciar esse projeto, fazer uma banda de mulheres de samba. A partir disso começou a estudar as coisas de samba, as coisas da nossa terra, as coisas da gente mesma para poder falar. Isso tudo com o intuito de ter uma poesia que fosse nossa, com direitos autorais, e que falasse também do que a gente queria, desse espaço de igualdade e liberdade poder ocupar qualquer lugar, do lugar que quisesse.”

Com o seu pandeiro, Claudia Cristine se junta a Pétala Tâmisa no contrabaixo, Rayra Mayara no cavaquinho e Gislene Souza na percussão. Em 2016, elas gravaram a canção O corpo é meu, que logo se tornou na cidade um hino contra a discriminação, o preconceito e o assédio às mulheres. 

O grupo Samba de Dandara relembra sambistas brasileiras que fizeram história e abriram caminhos para as mulheres na cena musical. Foto: Arquivo pessoal. 

Para Maíra da Rosa, o samba feito por mulheres é um projeto político que as mantêm vivas. “A gente está sempre em diálogo com essa história e essa história ancestral mesmo, ela está absolutamente conectada passado presente e futuro, uma linha que não se desconecta, estamos todas conectadas e é isso algumas dessas mulheres que vieram antes de nós, caminham ao nosso lado hoje e essa memória é muito viva. O projeto existe para isso, pra gente se manter viva, pra gente poder se fortalecer frente a todas essas questões que a gente tem que enfrentar nessa sociedade como mulher e como artista”

Para conhecer melhor o trabalho do Samba de Moça Só e Samba de Dandara, é só acessar as páginas delas no Instagram: instagram.com/sambademocaso/  e instagram.com/sambadedandara/ 

Edição: Camila Salmazio