Ceará

Denúncia

Crise na saúde pública de Juazeiro do Norte se agrava

Saída de secretária revela mais problemas no setor

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Francimones Rolim de Albuquerque anunciou sua exoneração do cargo de chefia da Secretaria Municipal de Saúde
Francimones Rolim de Albuquerque anunciou sua exoneração do cargo de chefia da Secretaria Municipal de Saúde - Roberto Crispim

Na manhã do último dia 9, em nota à imprensa local, Francimones Rolim de Albuquerque anunciou sua exoneração do cargo de chefia da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) de Juazeiro do Norte. Entre os muitos motivos expressos, a falta de condições de trabalho foi o estopim para sua saída do setor. A exoneração da secretária de saúde marca mais um episódio na crise que a saúde de Juazeiro do Norte vem enfrentando. 

Saúde sem investimento
Segundo a ex-secretária, a gestão do município não destina o mínimo de 15% da receita para a saúde, descumprindo o estabelecido na Lei Complementar número 141/2012 que regulamenta os limites para aplicação de recursos em saúde pública. “Na verdade, tirei leite de pedra, pois manter os serviços de assistência à saúde sem o investimento mínimo necessários, sem condições de trabalho, fica humanamente e administrativamente impossível conduzir a responsabilidade sanitária para uma população de quase 300 mil habitantes.” relata um trecho da nota escrita por Francimones. Ela ainda acusa a gestão municipal de improbidade que, segundo ela, “deixou de investir mais de sete milhões de reais até o mês de agosto em saúde”.
A prefeitura de Juazeiro do Norte, em nota publicada em seu site oficial, informou que a decisão da saída da secretária “foi unilateral” e que “não era de conhecimento do Chefe do Executivo (Arnon Bezerra), que foi pego de surpresa diante da notícia.” A exoneração de Francimones já consta no Diário Oficial do Município, com uma nova nomeação para o cargo da SESAU. 

Demissões 
Apenas uma semana antes, no dia 4 o Sindicato dos Médicos do Ceará publicou uma notícia sobre a demissão em massa de médicos lotados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Juazeiro do Norte. Segundo a matéria, os médicos estariam com salários atrasados e sem reajuste a mais de sete anos. “Há um ano, o Sindicato dos Médicos media a situação, mas a Prefeitura descumpre os acordos e não comparece a audiências marcadas pelo Ministério Público. É um verdadeiro desrespeito com os profissionais, entidades públicas e, principalmente, com a população. Parece inacreditável que o prefeito seja médico e não tenha a saúde como prioridade em sua gestão” diz a notícia. 
Sendo a única UPA da cidade, a unidade tem de atender as demandas do SAMU, além do atendimento de emergência para a população, que chega a ser de mais de 300 mil habitantes, chegando por vezes a um milhão de pessoas nas épocas de romarias. Entre as reivindicações dos médicos estão o reajuste salarial e a manutenção de um médico plantonista extra para completar a escala de plantões com ocorrência de superlotação. 
 

Edição: Monyse Ravena