golpismo

Venezuela: Grupo que atacou instalação militar teria se hospedado no Brasil

Segundo ministro venezuelano, objetivo era gerar um “falso positivo” e justificar uma intervenção militar contra o país

|
Chefe do ministério de Comunicações denunciou que o bando incluía desertores do Exército venezuelano, mercenários e assassinos
Chefe do ministério de Comunicações denunciou que o bando incluía desertores do Exército venezuelano, mercenários e assassinos - Reprodução/Twitter

O ministro de Comunicações da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse nesta segunda-feira (23/12) que grupo que tentou tomar de assalto uma instalação militar no país na madrugada de domingo (22/11) se hospedou no Brasil após passar por vários países latino-americanos antes de ir a território venezuelano.

Rodríguez disse, em pronunciamento em cadeia nacional, que o grupo de criminosos incluía desertores do Exército venezuelano, mercenários e assassinos, que, afirma, foram pagos pela “máfia do ouro”.

De acordo com o ministro, os assaltantes chegaram a Cúcuta, na Colômbia, no dia 23 de fevereiro e, dali, foram a Cali para serem treinados em ações terroristas e paramilitares para, mais tarde, irem via Equador ao Peru, onde receberam instruções do opositor Vilca Fernández.

Posteriormente, disse, o grupo se trasladou a Pacaraima, em Roraima, fronteira com a Venezuela, e se hospedaram por 15 dias no Hotel Funchal. Nesta última fase, estiveram sob tutela e patrocínio do narcotraficante de ouro Antonio "Toñito" Fernández e do tenente desertor Josué Hidalgo Azuaje.

"O governo do Brasil tem que explicar porque um criminoso, traficante de ouro e assassino, que esteve por trás de ações contra o comando da Venezuela, este senhor, Antonio "Toñito" Fernández, foi quem manteve os desertores e criminosos em Pacaraima durante 15 dias, quem lhes deu dinheiro e quem lhes prometeu dar uma quantidade de dinheiro depois que eles atacassem a base militar. O governo do Brasil não tem nada a ver com isso? Então que prenda e nos entregue Toñito", disse Rodríguez.

O Itamaraty negou qualquer envolvimento com o ocorrido.

O sargento desertor Darwin Balaguer Rivas, detido logo depois do assalto à instalação militar, confirmou às autoridades o percurso e disse que o grupo chegou à Venezuela depois de 12 dias na estrada. Também reconheceu, segundo Rodríguez, a participação do tenente Hidalgo e de Toñito Fernández.

Rodríguez exigiu que a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, e o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, se manifestem sobre a morte do cabo Luis Jamper Caraballo Marcano, ocorrida durante o assalto.

Da mesma maneira, pediu que os governos de Colômbia, Equador, Peru e Brasil, locais por onde passou o grupo – que estaria sob ordens dos opositores Juan Guaidó e Leopoldo López – respondam pelo assalto à instalação e expliquem supostos financiamentos à operação.

"Falso positivo"

De acordo com Rodríguez, a intenção dos milicianos que tentaram tomar o batalhão 513 Mariano Montilla era obter armas para conseguir um “falso positivo” e justificar uma intervenção militar contra o país sul-americano.

Rodríguez afirmou que estes militares desertores tentariam realizar ações terroristas no país para “causar desestabilização” durante o Natal, e haviam previsto tentar tomar outras unidades em diferentes Estados.

Durante o assalto, os mercenários levaram 120 fuzis de alta potência e nove lança-foguetes RPG podem alcançar alvos aéreos, com o objetivo de provocar um “falso positivo”

“Falso positivo” é um termo cunhado durante os anos de conflito entre Bogotá e as guerrilhas em que o Exército colombiano matava pessoas inocentes e as acusava de participação nos grupos armados. No caso da Venezuela, de acordo com o governo, a ideia era usar as armas roubadas para causar mortes na fronteira e culpar as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas.

Os nove lança-foguetes e a maioria dos fuzis já foram recuperados pelas autoridades venezuelanas, as quais também já detiveram seis dos participantes.

*Com informações da teleSUR

Edição: Opera Mundi