Em meio à crise

Medida que tira direitos trabalhistas leva Bolsonaro ao topo do Twitter

“Bolsonaro Genocida” foi o termo mais utilizado na rede social em todo o Brasil

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Bolsonaro se atrapalha com máscara de covid-19
Bolsonaro recuou após críticas de políticos, lideranças sociais, trabalhadores e na internet - Sergio Lima/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se tornou o assunto mais comentado no Twitter nesta segunda-feira (23), logo após a edição e publicação de uma Medida Provisória que permitia que as empresas suspendessem o contrato de trabalhadores sem salário por até quatro meses.

Durante todo o dia, a hashtag mais utilizada por usuários da rede social foi “#BolsonaroGenocida”. As críticas ao presidente da República superaram até os comentários sobre o reality show “Big Brother Brasil 20”, da TV Globo, e que costuma ocupar o topo da rede. Outro tópico comentado também relacionado ao governo federal foi “MPdaFome”.

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Com os comentários em grande volume em todas as redes sociais, incluindo o Facebook, no início da tarde, Jair Bolsonaro anunciou em sua conta no Twitter que vai revogar especificamente o artigo da Medida Provisória 927 que suspenderia os salários.

Mais reação

Em nota, o líder do PSB na Câmara Federal, deputado Alessandro Molon (RJ), afirmou que a MP representa uma grave ameaça aos trabalhadores brasileiros durante o enfrentamento da crise gerada pela covid-19, porque, na prática, poderia deixar empregados sem salários por quatro meses.

"O governo comete uma desumanidade ao permitir que trabalhadores fiquem até quatro meses sem salários numa crise como esta. De um lado, socorre as empresas, o que é importante para que não quebrem, mas de outro, entrega os trabalhadores à própria sorte, forçando-os a escolher entre o emprego e a vida”, afirmou Molon, acrescentando que pediu ao Congresso Nacional a devolução da MP.

Já o líder da bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), afirmou, também em nota, que a medida destrói o pouco que resta dos alicerces históricos das relações coletivas de trabalho, ao privilegiar acordos individuais sobre convenções e acordos coletivos, violando a Convenção nº 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a própria Constituição Federal.

“Não devemos e não podemos ter ilusão. Bolsonaro só vê na crise um meio para implantar as medidas da sua cartilha e do ministro da Economia, Paulo Guedes, a começar pela redução de salários e pela flexibilização do trabalho. A Bancada na Câmara repudia mais esta tentativa cruel e inoportuna de destruir milhares de empregos e de comprometer o bem-estar de milhões de lares brasileiros”, argumenta o petista.

A bancada do PT também defendeu que ao Congresso caberia devolver a MP ou derrubá-la na Justiça para que ela não entrasse em vigência.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda e Vivian Fernandes