PLANO EMERGENCIAL

“A Reforma Agrária é para produzir alimentos ao povo brasileiro”, afirma Stedile

Nós poderíamos assentar imediatamente 400 mil famílias

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"Mobilizar terras para produzir, e ao mesmo tempo levar famílias desempregadas que poderiam trabalhar nessas terras", afirma a liderança do MST - Rafael Stedile
Nós poderíamos assentar imediatamente 400 mil famílias

Por Pedro Stropasolas | De São Paulo (SP)

A pandemia da covid-19 é "a expressão mais trágica" da crise civilizatória que vivemos dentro do capitalismo. A eclosão de novos vírus, antes desconhecidos, é parte do desequilíbrio ambiental provocado por um modelo agrícola fracassado de produção de commodities.

A análise de João Pedro Stedile, economista e membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),  demonstra a falência do modelo hegemônica neoliberal que orienta a sociedade.

Em meio à falta de alternativas para manter uma relação equilibrada entre os seres humanos e a natureza, assentar famílias, garantir condições de vida digna para o trabalhador e a trabalhadora rural e abastecer de alimentos os bairros pobres por todo o país vêm sendo a principal luta dos sem-terra.

Nessa sexta-feira (5), o movimento lançou um plano "em defesa da vida do povo brasileiro", com medidas emergenciais para a construção do que o MST define como Reforma Agrária Popular, apontada como a principal alternativa para superar os efeitos da crise social e econômica, além de resolver problemas de emprego, renda e falta de alimentos para a população.

“Apesar do governo federal, nós queremos trazer para a sociedade brasileira uma reflexão no sentido de que se nos mobilizarmos alguns recursos na área da agricultura e da reforma agrária, nós conseguimos enfrentar de maneira melhor esses problemas”, afirma Stedile, e, entrevista ao Brasil de Fato.

No BdF Entrevista desta semana, quadro que vai ao ar todas as sextas, às 20h, na Rede TVT, Stedile comenta as medidas que permearam a formulação da proposta. Ele também analisa como a pandemia vem evidenciando as desigualdades históricas existentes no país e como a saída de Jair Bolsonaro do poder é fundamental para o cenário pós-pandemia.

“Nós achamos que, para enfrentarmos essas crises tão graves, a primeira porta de saída é trocarmos de governo. O 'Fora, Bolsonaro' é mais do que uma palavra de ordem, é uma necessidade de sobrevivência do povo brasileiro”, opina. 

Para a liderança do MST, que avalia que a hegemonia neoliberal retirou dos livros e das universidades o debate sobre a Reforma Agrária, a partir da década de 1990, vivemos um momento histórico, e a reestruturação da economia e da sociedade brasileira só virá com “vontade política” e organização popular no caminho de um novo projeto de país. 

“A sociedade brasileira não é racista, não é xenófoba, e não quer se armar. A sociedade brasileira quer viver em paz. A sociedade brasileira precisa de trabalho, escola, educação e renda”, afirma.

Edição: Vivian Fernandes