“Pra quem não tinha esperança nenhuma,agora já estamos bem esperançosos”. A fala é de Eferson dos Santos, morador da comunidade de posseiros Alecrim, no município de Pinhão-PR.
A falta de esperança de que fala se abateu sobre as 20 famílias do Alecrim em 1º de dezembro de 2017, com um despejo violento que destruiu mais de 20 anos de construção coletiva da comunidade. Casas, igreja, posto de saúde, padaria comunitária e espaços de lazer vieram abaixo, em favor das Indústrias João José Zattar S.A., empresa madeireira que está entre as maiores devedoras da União.
Cerca de duas semanas depois, os posseiros decidiram voltar para a área. Passados quase três anos, as famílias do Alecrim se somaram a outros posseiros, faxinalenses e acampados e assentados do MST para doar mais de 50 toneladas de alimentos para famílias das periferias de Guarapuava e Pinhão, que têm sofrido com os impactos econômicos da pandemia.
“O pessoal [do Alecrim] ainda está um pouco traumatizado [com o despejo], mas tocando suas vidas. Estamos sensibilizados com essa nova realidade que chegou agora no país e no mundo, que é o Covid-19. Estamos fazendo o pouquinho que podemos para ajudar o pessoal da cidade que está mais necessitado”, conta Eferson.
No último sábado (30) foram doados arroz, feijão, pinhão, erva-mate, quirera, fubá, farinha de milho, batata-doce, mandioca, moranga, abóbora, derivados de leite, hortaliças, batata, limão, laranja, banana, sabão caseiro. Cerca de quatro mil famílias carentes receberam os alimentos. A ação envolveu 15 acampamentos e 10 assentamentos do MST, além de quatro comunidades de posseiros.