Paraná

COVID-19

''Todos precisam saber que a vida não está normal”, diz coordenador de UTI

Enfermeiro destaca necessidade de um atendimento humanizado a pacientes

Curitiba (PR) |
Keller Koetzler é profissional de enfermagem desde 2007 e coordena uma unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19 em um hospital público - Foto: Giorgia Prates I Diagramação: Vanda Morais

Os profissionais de saúde estão na linha de frente no combate à pandemia da Covid-19. São eles os mais expostos aos riscos de infecção. Em todo o Brasil, segundo o Ministério da Saúde, mais de 30 mil testaram positivo. Trabalhar entre o medo da contaminação e a vontade de salvar vidas é uma rotina diária.

Segundo a Confederação Nacional de Saúde (CNS), o Paraná contabiliza 128.208 profissionais de saúde. Entre eles, Keller Koetzler, profissional de enfermagem desde 2007 e que coordena a unidade intensiva (UTI) para Covid-19 em um hospital público. Para ele, sem amor pela profissão, é muito difícil ir em frente.

Kesler acredita que o trabalho de enfermeiro na pandemia ressignificou ainda mais o atendimento humanizado. “Os pacientes, ao não verem suas famílias, aumentam a necessidade de ter conforto emocional. Além de videochamadas, fizemos até festa de aniversário. Além dos pacientes que ficam longe da família, os profissionais da saúde também ficam em isolamento. “Não visito meus pais desde o início. Por causa disso, temos de cuidar muito da nossa saúde mental. Tenho visto, entre meus colegas, essa preocupação.” Pesquisa da Associação Paulista de Medicina (AMP) detectou que num universo de 2.312 médicos ouvidos no país, 86,6% apresentaram a percepção de que seus colegas estão deprimidos.

Kesler espera que logo a pandemia seja apenas uma lembrança, mas acha que ainda teremos que conviver com a doença por um bom tempo. “A gente vem sofrendo com a incerteza, o que sabíamos sobre a doença em março já mudou. Temos de nos atualizar, trocar experiências com outros estados. Porém, enquanto a vacina não aparecer, teremos de ficar um bom tempo convivendo com a doença. É importante que as pessoas saibam que a vida não está normal. E contribuam.”

Edição: Gabriel Carriconde