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DESABAFO

Opinião | “Odeio o termo povos indígenas”: uma blasfêmia em dois atos

Leonardo Boff cede espaço do seu artigo semanal para publicar a indignação do bispo Dom Erwin Kräutler do Xingu

15.jun.2020 às 15h15
Rio de Janeiro (RJ)
Leonardo Boff ()

Ataque do ministro da Educação aos povos indígenas indignou bispo Dom Erwin Kräutler, líder da maior diocese do mundo, a do Xingu - Ricardo Oliveira/ AFP

Publicamos aqui a indignação de um grande bispo, Dom Erwin Kräutler, da maior diocese do mundo, a do Xingu, com 365 quilômetros quadrados. A razão são as declarações infames na famosa reunião do presidente com todos os ministros no sinistro dia 22 de abril de 2020.

Austríaco, se naturalizou brasileiro e trabalhou 54 anos na Amazônia. Toda sua vida e atividade de pastor foi dedicada aos povos da floresta, aos indígenas e a todos os excluídos “do banquete da vida”. Falou no Parlamento brasileiro em defesa dos direitos dos indígenas, de suas reservas e de sua cultura. Em 1983, foi humilhado pela polícia militar e preso por estar defendendo canavieiros sem salário.

Ao longo de 30 anos foi ameaçado de morte. Sofreu um acidente suspeito que tirou a vida do padre que o acompanhava Salvador Deian e deixou Dom Erwin por seis meses no hospital. Foi ele que acolheu a Irmã Doroty Stang em 1982 e a sepultou no dia 12 de fevereiro de 2005, vítima de bárbaro assassinato.

É mundialmente conhecido por sua defesa da Amazônia, dos indígenas e dos camponeses pobres. O Papa Francisco lhe tem especial carinho e respeito. Foi a ele que lhe pediu subsídios para os temas da “Querida Amazônia”. Fala tanto o grego clássico como a língua dos Kayapó. Agora jubilado e com 80 anos segue sua luta pelos direitos dos mais humilhados e ofendidos e dos verdadeiros guardiões da floresta: os povos originários.

Vale ler o texto do bispo Dom Erwin Kräutle, nascido da iracúndia sagrada de um que se fez “parente dos índios” e que agora saiu em sua defesa contra a ofensa vergonhosa de um ministro de Estado. 

“Odeio o termo povos indígenas”

Quem vai esquecer a reunião ministerial do 22 de abril? Graças à liberação de um vídeo que cobriu toda a reunião pudemos assistir a uma sessão do governo que atualmente gerencia a res publica (a coisa publica, daí a palavra ‘República’) de nosso país. Se crianças ou adolescentes pronunciassem um dos 29 palavrões proferidos na ocasião levariam castigo em casa ou na escola. Falta completa de educação e civilidade no mais alto escalão do executivo do Brasil. Presidente e ministros perderam vergonhosamente a compostura que se espera de pessoas que ocupam cargos tão elevados.

Mas o que mais me revoltou, além da proposta descarada do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles de aproveitar o tempo de pandemia para “ir passando a boiada” à Amazônia, foi o espantoso aporte do ministro da Educação Abraham Weintraub:

Esse país não é [uma colônia]. Odeio o termo ‘povos indígenas’, odeio esse termo.

Não consigo entender que Weintraub que é de origem judaica usa expressões que recordam o ódio de Hitler e seus ministros ao povo judeu. A consequência desse ódio foi a shoah, o holocausto que ceifou a vida de seis milhões de judeus.

Ouvir da boca de um ministro da Educação essas palavras prova mais uma vez o curso anti-indígena desse governo que se alinha perfeitamente à famigerada expressão do general americano Philip Sheridan (1831–1888): "the only good indian is a dead indian" (em português, "o único índio bom é um índio morto"). Já que tudo que Donald Trump pensa e fala inspira o governo Bolsonaro nas suas atitudes e tomadas de posição, não é de se admirar que um ministro desse governo siga essa sentença que na segunda metade do século XIX se tornou provérbio nos Estados Unidos e tem como pano de fundo o genocídio de milhões de indígenas durante a conquista do oeste norte-americano.

Na coleção de descarrilamentos do ministro da Educação cuja falta de educação já criou incidentes diplomáticos com o presidente da França e a China, esse vergonhoso deslize contra os povos indígenas do Brasil só teria enriquecido a biografia de um agente político desprezível, se não tivesse ainda outra cena abominável e blasfema que agora conspurca a face da nossa Igreja Católica.

A Veja publicou na sua Coluna Radar, de sete de junho, uma foto que retrata a visita, em cinco de junho, de um grupo que se diz católico, capitaneado pelo padre polonês Pedro Stepien. As e os integrantes deste grupo já são famosos por causa de seu frequente comparecimento juntamente com o mesmo sacerdote em frente ao Palácio da Alvorada para prestar culto ao “messias”.

Desta feita, porém, foram ao gabinete do ministro da Educação Abraham Weintraub para “confortá-lo” depois de “uma semana tão desgastante” para ele. “Oraram pelo momento delicado do ministro” comenta a revista. Dessa iniciativa só se pode tirar a conclusão de que os visitantes consoladores apoiam as teses do ministro e assumem assim uma posição diametralmente oposta ao Papa Francisco e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). E quem se coloca contra o Papa já perdeu a catolicidade.

Mas a história não termina aqui. O padre leva uma imagem de Nossa Senhora de Fátima ao gabinete do ministro e, ostentando a estátua, posa sorrindo ao lado de um Weintraub aparentemente comovido e também sorridente. O que queria esse padre com essa encenação? Que relação esse ministro teria com Nossa Senhora de Fátima e sua mensagem aos pastorinhos na Cova da Iria em Portugal no ano 1917?

O padre demonstra que não conhece a história da América Indígena e do papel de Nossa Senhora junto aos povos originários. Certamente nunca ouviu falar que ela apareceu já em 1531 a um indígena de nome Juan Diego, canonizado inclusive pelo papa polonês, e lhe disse:

Eu sou a vossa Mãe bondosa, tua e de todos vós que viveis unidos nesta terra e dos outros povos, que me amem, que me invoquem, me procurem e confiem em mim; escutarei o seu pranto, as suas tristezas, para remediar e curar todas as suas penas, misérias e dores. Não se perturbe o teu coração. Acaso não estás sob a minha proteção e amparo? Não estás no meu regaço e entre os meus braços?

Nossa Senhora se colocou ao lado e no meio dos povos indígenas e isso não apenas através de palavras carinhosas. A imagem milagrosa fala por si mesma. Mostra a Virgem Maria numa túnica usada pelas mulheres astecas para dizer que ela é Mãe dos astecas e de todos os indígenas. Ela pertence a esses povos tão sofridos e machucados e se solidariza assumindo feições indígenas. Acima da cintura há o laço que as indígenas usavam para indicar que estavam grávidas. E o filho de mãe indígena é indígena! Os raios de sol que circundam a mãe indígena simbolizam que ela está grávida de um Filho Divino.

Por que esse padre não levou a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe para o gabinete do ministro para ensinar-lhe a quem Deus ama com um carinho todo especial a ponto de a Mãe de seu Filho assumir traços indígenas? Talvez o ministro e junto com ele o padre e seus correligionários teriam se dado conta de que odiar os povos indígenas é odiar a Mãe de Deus e o seu Filho Jesus, Nosso Senhor!
 
Altamira, 12 de junho de 2020
Erwin Kräutler, bispo em. do Xingu
Coordenador da REPAM-Brasil

*Leonardo Boff é Filósofo, teólogo, professor aposentado de Ética da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Editado por: Mariana Pitasse
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