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Porto Alegre discute lockdown após ocupação de UTIs superar 90%

Para o especialista Alcides Miranda, o risco de colapso é maior por conta do cenário crítico das cidades próximas

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Pela primeira vez, desde o início da pandemia, capital gaúcha atinge mais de 90% dos leitos de UTI ocupados - Flávio Dutra/JU

Com 90,3 % dos leitos de UTI ocupados, mas sob pressão do empresariado, Porto Alegre ainda tenta evitar o lockdown – ou fechamento total da cidade. O isolamento social, segundo medição da Prefeitura, está em 52%, insatisfatório para os padrões recomendados de 70%. A região metropolitana é onde a rede hospitalar gaúcha está mais congestionada, um pouco acima dos números da Serra e do Norte.

No monitoramento da prefeitura desta segunda-feira (20), três hospitais – Porto Alegre, Restinga e Santa Ana – estavam com 100% de lotação nas UTIs. Outros três, dos maiores da capital – Clínicas, Conceição e Santa Casa – registravam percentuais entre 93,3% e 95,3% de lotação. Na tarde do mesmo dia, o balanço do governo estadual indicava um total de 6.337 casos para a capital, seguida por Passo Fundo (2.585), Caxias do Sul (2.036) e Lajeado (1.776).

Para o professor Alcides Miranda, da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), houve muitos avisos sobre o agravamento do cenário, desde o final de abril. “Nós, que lidamos com Saúde Pública, alertamos que a situação atual poderia ocorrer, que a estratégia de regulação do rigor de distanciamento social, adotada pelo governo estadual, não era adequada ou suficiente”, ponderou.

Doutor em Saúde Coletiva, Miranda lembrou que o risco de colapso cresce porque as cidades vizinhas não contam com a assistência especializada, o que pode gerar um deslocamento dos pacientes mais graves para a capital.

Entenda por que e quando uma cidade precisa de bloqueio total, o chamado lockdown

Lockdown

O governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a manutenção da cidade sob a bandeira vermelha, que traduz risco elevado de contágio. O prefeito Nélson Marchezan Jr. (PSDB) já avisou que, sem o isolamento e distanciamento social necessários, poderá apelar ao "último recurso".

Marchezan Jr. proibiu a realização do clássico "Gre-Nal" no município, marcado para esta quarta-feira (22), na retomada do campeonato gaúcho. Curiosamente o jogo foi transferido para Caxias do Sul onde os índices de contaminação também estão entre os mais elevados. Mas o prefeito caxiense Flávio Cassina (PTB), até agora, não vetou a partida. 

Enquanto o prefeito acena para um possível lockdown, 27 entidades empresariais de Porto Alegre assinaram um manifesto, queixando-se da suspensão de suas atividades “por um período superior a 100 dias”. Afirmam que “a manutenção de restrições tão severas às atividades produtivas, também acarreta riscos de consequências desastrosas para a economia, para a preservação e geração de empregos e, por conseguinte, da saúde e da vida”.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Rodrigo Chagas e Marcelo Ferreira