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Exportação de óleo marítimo amortece prejuízo da Petrobras no último trimestre

Balanço fecha com prejuízo de R$ 2,7 bi; exportação de combustíveis compensa parte das perdas da queda do barril

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Apesar das perdas, a conta é bem menos catastrófica que a apresentada no relatório do trimestre anterior, com déficit de R$ 48 bilhões - Tânia Rego/ Agência Brasil

A Petrobras divulgou, no início da noite desta quinta-feira (30), seu balanço financeiro trimestral, que apontou prejuízo de R$ 2,7 bilhões. Apesar das perdas, a conta é bem menos catastrófica que a apresentada no relatório do trimestre anterior, com déficit de R$ 48 bilhões.

O prejuízo no primeiro trimestre, entretanto, foi principalmente de natureza contábil, em uma reavaliação de ativos chamada impairment. Já o resultado do último trimestre foi puxado, principalmente, pela queda brusca no preço do barril de petróleo do tipo Brent, de US$ 65 em fevereiro para US$ 19 em abril, e a consequente diminuição da demanda interna por derivados, segundo a estatal. No total, as vendas caíram 8% e os preços ficaram 31% mais baratos.

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A exportação de combustíveis, entretanto, mostrou-se um dos grandes responsáveis por minimizar os danos da atual conjuntura econômica, apesar da queda da demanda interna por derivados. Um dos fatores que explicam esse movimento está nas novas especificações do óleo combustível marítimo (bunker oil), que desde o início deste ano estipulou menor porcentagem de enxofre em sua composição.

Com isso, a produção de óleo combustível apresentou um aumento de 62,5%, se comparado ao segundo trimestre de 2019, puxada pelo crescimento das exportações do produto, que teve como destinos principais Singapura (49%) e Estados Unidos (35%).

De acordo com o coordenador-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão, esse aumento das exportações de bunker oil está relacionado à capacidade da Petrobras em conseguir se adaptar rapidamente às novas exigências. 

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“As exportações não estão relacionadas necessariamente à demanda por bunker oil. Elas têm mais relação com o tempo que as refinarias asiáticas e europeias irão demorar para conseguir produzir um derivado com essas novas exigências de teor de enxofre”, explica Leão.

Por esse movimento, o fator de utilização das refinarias chegou a cair para 56% em abril, mas se recuperou e fechou o mês de junho com uma taxa de 72%, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). As líderes em processamento foram a Refinaria de Paulínia (Replan) e a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), que também ficaram à frente na produção de óleo combustível marítimo, com 321 e 279 milhares de toneladas no período, respectivamente.

A RLAM, entretanto, encabeça a lista de privatização, que prevê a venda oito refinarias de um total de 13 da Petrobras. “As refinarias que estão para serem privatizadas, principalmente as do Nordeste, têm aumentado sua participação na receita da Petrobras justamente pela produção desse óleo combustível de navegação, especialmente a RNest, de Pernambuco, e a RLAM, na Bahia, que é a primeira refinaria a ser privatizada”, pondera Leão.

A Petrobras também informou que os prejuízos foram mitigados pelo “ganho proveniente da exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do PIS/Cofins, após decisão judicial favorável, que teve um efeito de R$ 10,9 bilhões no resultado”. 

Edição: Mariana Pitasse