Morreu, às 9h40 deste sábado (8), Dom Pedro Casaldáliga Plá, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) e Missionário Claretiano. Dom Pedro estava internado na UTI da Santa Casa de Batatais, interior de São Paulo. A Prelazia de São Félix do Araguaia, a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria e a Ordem de Santo Agostinho confirmaram a morte do religioso por embolia pulmonar.
O velório ocorrerá a partir das 15h deste sábado na capela do Clareitiano, na cidade de Batatais. Em Mato Grosso, o corpo deverá chegar no dia 10 de agosto e será velado Santuário dos Mártires, na cidade de Ribeirão Cascalheira. Depois, o corpo de Dom Pedro, será encaminhado para a cidade de São Félix do Araguaia onde será velado no Centro Comunitário Tia Irene e depois sepultado.
Histórico
O religioso foi transferido para a unidade hospitalar de Batatais, a 354 km da capital, na noite da última terça-feira (4), após apresentar problemas respiratórios e permanecer uma semana internado no Hospital de São Félix do Araguaia (MT). Aos 92 anos de idade, Casaldáliga sofria do Mal de Parkinson. Ainda jovem, o bispo foi acometido por uma forte pneumonia que deixou uma sequela permanente no órgão do sistema respiratório, o que torna o quadro ainda mais delicado neste momento.
Repercussão
Ao longo do dia, diversas lideranças e personalidades lamentaram a morte de Dom Pedro Casaldáliga nas redes sociais. Confira:
Nossa terra, nosso povo perde hoje um grande defensor e exemplo de vida generosa na luta por um mundo melhor, que nos fará muita falta.https://t.co/Nm9YZj1Chk
— Lula (@LulaOficial) August 8, 2020
@LeonardoBoff Dom Pedro Casaldáliga acabou de nascer para Deus.Dizia:a alternativa cristã é a vida ou a ressurreição.Vive na memória de todos os pobres que defendeu,dos martirizados pelo latifúndio,nos libertos da opressão e em nossa fé e em nossa esperança que ele nos fortaleceu
— Leonardo Boff (@LeonardoBoff) August 8, 2020
Um dia muito triste para o povo brasileiro, em particular para os movs do campo e as pessoas de fé. Perdemos um profeta e poeta. Um homem que viveu intensamente com seu povo, coerente com o evangelho. Perdemos o Grande Dom Pedro Casaldaliga, que tive o privilegio de ser amigo
— João Pedro Stédile (@stedile_mst) August 8, 2020
…adeus, Dom Pedro.
— Laerte Coutinho (@LaerteCoutinho1) August 8, 2020
Entrevista histórica com Dom Pedro Casaldáliga: O nosso DNA mais profundo é a esperança https://t.co/9qRzNWFmOz
Acabo de receber a confirmação da morte de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia e grande nome em defesa da democracia, da justiça social e da liberdade. A reunião do Diretório Nacional do PSOL, que está acontecendo agora, será dedicada a ele.
— Juliano Medeiros (@julianopsol50) August 8, 2020
É com imensa tristeza que recebo a notícia do falecimento de Dom Pedro Casaldáliga, lutador incansável pelos direitos dos povos indígenas e dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.
— Erika Kokay (@erikakokay) August 8, 2020
Fica seu imenso legado e a certeza de que continuaremos sua luta por um Brasil mais justo.
Minhas homenagens a Dom Pedro Casaldáliga, um grande e verdadeiro patriota do povo brasileiro, que agora está no Reino.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 8, 2020
Trajetória
Nascido em uma aldeia há quilômetros de Barcelona, na Espanha, em 1928, Dom Pedro Casaldáliga Plá é de família camponesa. Desembarcou no Brasil em 1968, em plena ditadura militar, e foi consagrado bispo em 1971, quando lançou a Carta Pastoral por Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social. O texto ficou conhecido nacional e internacionalmente e marcou o perfil do missionário como porta-voz de índios e agricultores.
O bispo também foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que até hoje atua na defesa de indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores do campo.
Além de sua atuação junto aos pobres e em defesa da democracia, Casaldáliga também se destaca por suas poesias que abordam a urgência da reforma agrária e da luta contra o agronegócio. Confira:
"Por onde passei, plantei a cerca farpada, plantei a queimada.
Por onde passei, plantei a morte matada. Por onde passei, matei a tribo calada,
A roça suada, a terra esperada... Por onde passei, tendo tudo em lei, eu plantei o nada."
Confissão do latifúndio
Edição: Marina Selerges