Inflação

"Patriotismo": por que o pedido de Bolsonaro aos supermercados não deve surtir efeito

Presidente disse que está conversando com donos de redes de varejo para tentar conter inflação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Sem máscara, Bolsonaro faz fala para apoiadores durante lançamento de projeto da ponte Pariquera-Açú no Vale do Ribeira - Foto: Carolina Antunes, Agência Brasil

Especialista em economia e engenharia financeira, o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Agostinho Pascalicchio analisa que é difícil que seja efetivo o pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por “patriotismo” às redes de supermercados em relação ao aumento no preço dos produtos da cesta básica. “É um acordo setorial muito difícil porque a cadeia de fornecimento de um supermercado é muito sofisticada, tem muitos fornecedores, tornando essa solicitação de difícil execução”, explicou Pascalicchio. 

O pedido de Bolsonaro foi feito na sexta-feira (4) em fala para apoiadores na cidade de Eldorado, no interior de São Paulo, em cumprimento a agenda oficial de apresentação do projeto de ponte em Pariquera-Açú, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo. “Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente… Não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum”, disse e continuou: “estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”.

Auxílio emergencial 

Pascalicchio avalia também que um dos fatores que influenciaram no aumento do preço da cesta básica foi a redução do auxílio emergencial que vem sendo pago pelo governo de R$ 600 para R$ 300. “Realmente houve um excesso de procura (no setor alimentício), uma pressão muito grande e um dos elementos que contribuiu para essa alta foi a diminuição do auxílio emergencial. O que é sempre importante é o poder de compra da população e a oferta.” 

Cesta básica

Em agosto, os preços médios de produtos da cesta básica brasileira aumentaram em 13 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com os dados, os produtos aumentaram muito acima da inflação: no período de 12 meses, a cesta subiu 12,15% em São Paulo e chegou a 21,44% em Recife, por exemplo. 

Na quinta-feira (3), a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) já havia divulgado nota em que chama a atenção para o aumento de preços de itens da cesta básica e informa que “vê a conjuntura com muita preocupação”.

Edição: Rodrigo Durão Coelho