Colômbia

Prefeita de Bogotá acusa polícia de executar "massacre" durante repressão a protestos

Cláudia López enviou ao presidente uma hora e meia de gravações registrando abusos policiais contra manifestantes

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Prefeita de Bogotá, Cláudia López, disse que polícia colombiana executou "massacre" na capital colombiana - Reprodução

A repressão aos protestos desencadeados após a morte do advogado de 46 anos, Javier Ordoñez, na noite da quarta-feira (9), durante abordagem da polícia, em Bogotá, foi tratada pela prefeita da capital colombiana da cidade como um "autêntico massacre dos jovens da nossa cidade".

Cláudia López, gravou um vídeo denunciando a atuação das forças de segurança. "O que aconteceu é um autêntico massacre dos jovens de nossa cidade. São dez mortos, 119 denúncias documentadas de cidadãos que manifestam terem sido vítimas de agressão, abuso policial ou de disparos efeituados por membros da polícia. Há 72 feridos a bala em 48 horas. É o que de mais grave aconteceu em Bogotá desde a tomada do Palácio de Justiça”, afirmou.

López, filiada à Aliança Verde, de linha progressista, se refere à invasão da Suprema Corte colombiana em 1985, quando guerrilheiros do movimento M-19 ocuparam o Palácio de Justiça, no centro de Bogotá, tomando 23 juízes como reféns. O Exército colombiano invadiu o prédio e, após 27 horas, os 35 guerrilheiros haviam sido mortos, assim como os juízes e outros reféns.

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A prefeita afirmou que enviou ao presidente Iván Duque e a o procurador-geral da Colômbia, Fernando Carillo, mais de uma hora e meia de gravações registrando abusos policiais contra manifestantes. Neles, segundo López, “se mostra com clareza os membros da Força Pública disparando indiscriminadamente em diferentes bairros da cidade. Policiais uniformizados, policiais ocultando seu uniforme ou supostos membros da polícia civil disparando”, disse.

“É necessário que haja um organismo independente, distinto e alheio à polícia, que garanta uma investigação. Este organismo é a procuradoria”, disse.

López também pediu que uma reestruturação da polícia. Segundo ela, apesar de o presidente ter considerado não haver necessidade disso, o procurador Carillo se comprometeu a estudar o assunto.

O presidente Duque disse que iria investigar as denúncias. "É doloroso ver esses atos de vandalismo e violência após estes meses dolorosos de pandemia", afirmou.

Protestos

Na sexta, os protestos diminuíram um pouco de intensidade após duas noites seguidas de repressão policial. Na quinta (10/09), as manifestações, que eram em sua maioria concentradas na região metropolitana de Bogotá, foram registradas também em cidades como Medellín (a segunda maior do país) e Barranquilla. Ao menos 12 pessoas morreram, de acordo com a imprensa colombiana.

As manifestações se iniciaram como reação ao assassinato do advogado Javier Ordónez. Na terça (08/09) à noite, Ordóñez foi detido pela polícia por, supostamente, descumprir restrições da quarentena. Em um vídeo divulgado por uma testemunha, dois policiais imobilizam Ordóñez no chão e aplicam repetidas descargas elétricas, apesar de o advogado pedir que parassem.

Relatos apontam também que ele apanhou dos agentes.

Após a prisão violenta, Ordóñez foi levado a um hospital. Pouco tempo depois, no entanto, a família do advogado foi comunicada de sua morte.