EUA

Em último debate, Trump critica movimento negro e Biden o chama de racista

Apesar de poucas interrupções, confronto foi marcado por acusações em temas como racismo, imigração e covid-19

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Eleições ocorrem em 3 de novembro; Mais de 47 milhões de eleitores já votaram por meio do voto antecipado - Foto: Getty Images via AFP

O republicano Doanald Trump e o candidato democrata à presidência do país, Joe Biden, participaram nesta quinta-feira (22) do último debate presidencial das eleições dos Estados Unidos.

Apesar de poucas interrupções, – diferentemente do primeiro – o encontro foi marcado por acusações de ambos os concorrentes em temas como racismo, imigração, covid-19 e ligações com Rússia e China.

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Biden chegou a classificar Trump como um dos presidentes mais racistas da história do país, logo após o republicano dizer que era "a pessoa menos racista neste lugar".

Racismo

O tema foi introduzido pela moderadora do debate, a jornalista Kristen Welker, que questionou os candidatos sobre o fato de famílias negras serem obrigadas a conversar com seus filhos a respeito de condutas específicas que possam evitar atos violentos racistas.

O democrata disse que compreende a necessidade dessa abordagem e afirmou que existe uma "racismo estrutural" nos EUA. Biden ainda acusou Trump de jogar "combustível em cada incêndio racista" e chamou o republicano de um "dos presidentes mais racistas da história".

O presidente norte-americano rebateu afirmando que era "a pessoa menos racista neste lugar" e alegou que "ninguém fez mais à comunidade negra do que eu".

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Vale lembrar que os Estados Unidos foram tomados por protestos antirracistas que começaram em maio deste ano após um policial branco assassinar George Floyd, um norte-americano negro.

Questionado sobre informações falsas e agressões que teria cometido contra o movimento antirracista Black Lives Matter [Vidas Negras Importam], Trump afirmou que a primeira vez que ouviu falar do movimento foi quando "eles estavam chamando nossos policiais de porcos" e que achou isso "horrível".

Imigração

Tratamentos desumanos contra crianças migrantes que chegam aos EUA foram reportados ao longo do ano passado. Biden criticou duramente a postura xenófoba de Trump e afirmou que separar filhos menores de idade de seus pais é um ato criminoso.

Trump tentou se defender afirmando que "muitas dessas crianças não entram com seus pais, elas entram com criminosos, com coiotes".

Biden rebateu: "essas crianças não foram trazidas por coiotes, elas foram trazidas por seus pais! Elas foram arrancadas de seus pais e deixadas sozinhas sem nenhum lugar para ir. Isso é criminoso!".

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Ainda sobre o tema, o democrata prometeu regularizar a situação dos dreamers, caso seja eleito. A Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca), também conhecida como programa Dreamers, foi instituída em 2012 pelo então presidente Barack Obama e é atacada por Trump desde 2017.

A medida ampara a situação dos jovens que entraram nos EUA de maneira irregular, mas que foram levados por seus pais. "Quando eu for presidente, os dreamers serão imediatamente certificados para ficarem nesse país", disse Biden.

Covid-19

Ao falar sobre a pandemia do novo coronavírus, Trump voltou a repetir chavões que ficaram populares durante sua gestão da crise sanitária e chegaram a inspirar até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"A terrível doença que veio da China", o "vírus chinês" e "a praga" foram alguns dos termos utilizados pelo republicano para se referir à covid-19.

Ainda sobre a pandemia, o presidente que comanda a nação com o maior número de casos e mortes pelo novo coronavírus chegou a dizer, sem citar fontes, que "99,9% das pessoas jovens se recuperam [da doença]".

"Nós temos que nos recuperar. Não podemos fechar nossa nação, ou então não teremos uma nação", disse Trump.

Biden, por sua vez, voltou a afirmar que o republicano não tinha e continua a não ter um plano para combater a pandemia, logo após citar o fato de Trump já ter se contagiado pela covid-19.

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"Trump saiu do hospital e continua a dizer que isso acabará logo. Não há nenhum cientista que diga que isso acabará logo. Qualquer um que seja responsável por essas mortes [por covid-19] não deveria ser presidente dos Estados Unidos", disse o democrata.

O ex-vice ainda defendeu o que chamou de "uma reabertura econômica segura" e fez referência a uma entrevista dada por Trump ao jornalista Bob Woodward, que indica que o mandatário sabia da gravidade do novo coronavírus mas minimizou a doença para "evitar pânic"o.

Rússia e China

Fora os Estados Unidos, os países mais mencionados durante o debate foram Rússia e China, com ambos os candidatos se acusando de manter relações com esses países.

Biden afirmou que "países estão tentando interferir nas nossas eleições" e que, se eleito, os fará "pagarem" por isso.

O democrata ainda prometeu que fará "a China jogar de acordo com as regras mundiais", se for escolhido presidente.

Os candidatos também falaram sobre a Coreia do Norte e Biden chegou a chamar o presidente norte-coreano, Kim Jong-un, de "criminoso".

Trump, por outro lado, se vangloriou dos feitos diplomáticos alcançados entre Washington e Pyongyang e afirmou que Obama, seu antecessor, deixou "uma bagunça" nas relações com a Coreia do Norte.

"Quando eu me encontrei com Obama ele me disse que o maior problema que tínhamos era a Coreia do Norte. E agora? Eu tenho uma boa relação com Kim Jong-Un e nós não estamos em guerra. Kim Jong-un não gostava de Obama", disse o republicano.