América Latina

Do Irã aos EUA: líderes internacionais estão na Bolívia para posse de Luis Arce

Cerimônia ocorre neste domingo (8), na capital La Paz, e oficializa restabelecimento da democracia após o golpe de 2019

Brasil de Fato | Florianópolis (SC) |
Arce e Choquehuanca participam de cerimônia tradicional andina dois dias antes da posse, no sítio arqueológico de Tiuanaco - Reprodução / Twitter

A posse do novo presidente da Bolívia, Luis Arce, e do vice, David Choquehuanca, do Movimento ao Socialismo (MAS), ocorre neste domingo (8) em La Paz e será acompanhada por líderes internacionais de todos os espectros ideológicos.

No último sábado (7), o novo presidente se reuniu com delegações dos Estados Unidos, do Irã, do México e da Espanha, e recebeu felicitações do presidente da China, Xi Jinping. Estão em solo boliviano o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza. O governo brasileiro foi o único dos vizinhos que não enviou representante à Bolívia.

Os governos de Panamá, Colômbia, Paraguai, Peru, Uruguai e Chile também confirmaram presença na cerimônia, que começa oficialmente às 11h (horário de Brasília) na Assembleia Legislativa do Estado Plurinacional.

Após a posse, Arce, Choquehuanca e os líderes internacionais vão à Casa Grande do Povo, sede do governo, para a foto oficial. Às 16h, está previsto um desfile cívico-militar.

Diplomacia

Apesar das pressões internacionais que se refletiram na anulação das eleições de 2019 e no golpe de Estado no país, prevaleceu o clima de “restabelecimento da democracia”, anunciado por Arce assim que a vitória foi confirmada nas urnas.

A escolha por não condicionar os convites à afinidade ideológica é coerente com a diplomacia que o novo governo pretende colocar em prática. Quando foi chanceler da Bolívia, entre 2006 e 2017, Choquehuanca notabilizou-se por uma postura pragmática de amplo diálogo.

“A cautela e a prudência não impedem o país de assumir posições firmes no cenário internacional”, ressaltou Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), em entrevista ao Brasil de Fato. “Antes mesmo da posse, por exemplo, Arce já se somou aos presidentes do México e da Argentina para exigir a saída de Almagro da OEA [Organização dos Estados Americanos].”

Arce também criticou o governo do Estados Unidos em entrevista recente, afirmando que o Donald Trump vê a América Latina "como seu quintal." 

Em 2019, a reeleição do então presidente Evo Morales foi anulada após um relatório da OEA, endossado pelos EUA e seus aliados, que apontou fraude na apuração dos votos. Essa hipótese foi desmentida meses depois por auditorias internacionais.

O ex-presidente boliviano Evo Morales não estará presente na posse de Arce, mas reforçou as saudações ao novo mandatário. Ele retornará ao país na segunda-feira (9), após quase um ano exilado na Argentina.

Edição: Vivian Fernandes