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Memória

Escritor relembra massacre de 1 milhão de comunistas e simpatizantes na Indonésia

Em entrevista ao Tricontinental, Martin Aleida comenta o legado do Lekra, braço cultural do Partido Comunista

02.dez.2020 às 12h01
Florianópolis (SC)
Daniel Giovanaz

"Aqueles perseguidos e expulsos de suas terras": obra de arte indonésia de 1960 - Reprodução / Arte: Amrus Natalsya

Cerca de um milhão de comunistas e simpatizantes foram assassinados na Indonésia, Sudeste da Ásia, entre 1965 e 1966. O dossiê nº 35 do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social é baseado no relato de um sobrevivente. Aos 76 anos, o jornalista Martin Aleida relembra o horror daquele período e comenta o legado do Instituto para a Cultura do Povo (Lekra), braço cultural do Partido Comunista da Indonésia (PKI).

O PKI protagonizou as lutas anti-imperialistas que resultaram na independência do país, colonizado pela Holanda até 1945, e se tornou o terceiro maior partido comunista do mundo, atrás do chinês e do soviético, com 3,5 milhões de membros.

Aleida foi preso aos 21 anos e libertado aos 22, em 1966. Enquanto ele esteve atrás das grades, o Lekra, o PKI e o jornal onde ele trabalhava foram colocados na ilegalidade. Entre os mortos na repressão estavam o secretário-geral do partido, D. N. Aidit; dois membros-chave do Comitê Central, M. H. Lukman e Lukman Njoto; e dois outros líderes do Partido, Sudisman e Ir Sakirman.

O massacre aos comunistas foi o primeiro capítulo de um golpe liderado pelo general Hadji Mohamed Suharto, que comandaria o país de 1967 a 1998. Eram tempos de Guerra Fria, e Suharto era apoiado pelos Estados Unidos – “talvez mais conhecido pela CIA do que pelo povo indonésio na época”, conforme o dossiê do Tricontinental.

O nome Martin Aleida foi adotado nesse período – antes, ele se chamava Nurlan. Sob o pseudônimo, foram escritos romances e contos, ficção e não ficção sobre a violência, o sofrimento dos trabalhadores indonésios e a resistência ao regime. O último livro é de memórias, "Romance nos Anos de Violência", em que relembra justamente o massacre e a resistência em meio à brutalidade do imperialismo.

Cultura revolucionária

O Lekra tinha, à época do massacre, 200 mil membros. “Era provavelmente a maior organização cultural não estatal que já existiu no mundo”, ressalta o dossiê.

Aleida diz ter sido “atraído pelo ponto de vista da organização de que a literatura deveria tomar partido e defender a justiça da maioria oprimida – os trabalhadores, camponeses e pescadores”. O assassinato da maioria dos integrantes e a destruição física de documentos do Lekra criaram uma lacuna de memória sobre a organização, que completaria 70 anos em agosto.

Eis o valor das palavras e lembranças de Aleida. O objetivo do Lekra, segundo ele, era contribuir para a construção de um movimento comunista robusto, para além do PKI: “O Lekra era a vanguarda do trabalho cultural comunista”. Além do braço cultural, havia federações de jovens, mulheres, trabalhadores e camponeses.

Durante o primeiro congresso nacional, o Lekra foi dividido em sete institutos: literatura, artes plásticas, cinema, teatro, música, dança e ciência. No horizonte estavam, por exemplo, a sistematização da música popular e tradicional, a identificação dos aspectos decadentes, feudais ou antirrevolucionários que persistiam na Indonésia, e o desenvolvimento de um programa de educação político-cultural que incentivasse a produção criativa.

Além da instância nacional, havia organizações regionais e afiliadas locais. Foram formadas 21 afiliadas em seu primeiro ano de existência. Em 1963, dois anos antes do golpe, já havia 200 afiliadas e 100 mil membros.


"Camponeses reividicam", ilustração publicada em 1964. As reivindicações escritas são (de cima para baixo): UUPA [lei agrária 1960], UUD 45 [Constituição Indonásia de 1945] e demokrasi [democracia] / Reprodução / Arte: S. Pudjanadi

“A ideologia estética do Lekra encontrou sua práxis nas noites culturais, onde artistas, militantes e pessoas comuns se encontravam”, descreve o dossiê. “Liderados pelo Lekra e muitas vezes hospedados por suas líderes femininas, esses eventos foram organizados em momentos oficiais do movimento, como comemorações de momentos significativos e celebrações internacionalistas. Com uma mistura de música, dança e teatro, essas noites culturais eram locais para praticar, testar, avaliar e transformar teorias abstratas em seres concretos”.

Para se ter uma ideia do sucesso dessas iniciativas, uma noite cultural de comício eleitoral do PKI em 1955, em Surakarta, atraiu 1 milhão de pessoas.

“O Lekra estimula iniciativas criativas, estimula a bravura criativa e o Lekra aprova todos os tipos de formas e estilos, desde que fiel à verdade e que se esforce para criar a mais alta beleza artística”, diz um documento interno de 1959.

Um dos princípios-chave do Lekra era, literalmente, “descer de cima”. “Significa, literalmente, ir para a base – trabalhar, comer, viver com trabalhadores, camponeses sem terra e pescadores”, explicou Martin ao Tricontinental.

O dossiê lembra que dramas “realistas revolucionários” foram desenvolvidos para tratar de temas conjunturais da época, como a reforma agrária. A peça “Fogo nos arrozais”, de 1964, escrita por Kusni Sulang, por exemplo, passou a incluir atores camponeses após a crítica de líderes partidários locais. Camponeses também assistiam aos ensaios e contribuíam com críticas e sugestões.

“Através desse processo elaborado, as preocupações dos camponeses foram elevadas a uma produção criativa e trazidas de volta aos camponeses para representação e avaliação. O processo foi definido por uma negociação contínua entre as visões do Partido e as realidades da vida camponesa. As contribuições do pensamento marxista nas práticas e princípios artísticos do Lekra são claras”, diz o texto.

Mais perto do que parece

O Brasil de Fato conversou com Tings Chak, responsável pela entrevista com Martin Aleida que deu origem ao dossiê. Ela relata que o jornalista expressa urgência em contar o que viveu à geração mais jovem e não esconde em nenhum momento que trabalhou para o Partido Comunista, apesar da repressão que existe até hoje na Indonésia.

“Desde 1965, essa história tem sido pouco contada”, lamenta Tings. “O partido e suas organizações continuam banidos na Indonésia, e muitos artistas foram mortos, desapareceram ou estão exilados. Até hoje, vestir uma camiseta com símbolo comunista ou ter um livro marxista pode ser motivo para prisão”.

Comandante do golpe, o general Suharto permaneceu impune até a morte, em 2008.

A coautora do dossiê acrescenta que o Lekra oferece novas interpretações sobre a cultura no marxismo em relação às experiências da China e da União Soviética.

“O Lekra expande nossa imaginação sobre as possíveis contribuições de artistas e trabalhadores da cultura. Eles estavam na cidade, mas também no campo, vivendo, trabalhando e produzindo arte a partir dessa experiência, respondendo às necessidades do seu tempo e mobilizando as pessoas”, diz. “Infelizmente, essa história ainda é muito restrita aos meios acadêmicos, inacessível ao grande público”.

Tings lembra que o horror vivido na Indonésia tem conexões com a repressão vivenciada no Brasil e na América Latina. A “Operação Jacarta” de 1965, que leva o nome da capital da Indonésia, foi replicada, por exemplo, durante o golpe militar no Chile, em 1973 – também protagonizado pela CIA.

“A história da América Latina, nos últimos anos, tem sido a história do imperialismo estadunidense. Embora a Indonésia pareça distante, as realidades estão conectadas pelo imperialismo”, completa a coautora do dossiê. “Quando Bolsonaro heroifica o [torturador] Ustra, fica clara essa conexão e a necessidade de se debater os movimentos anticomunistas e antidemocráticos que continuam se fortalecendo”, finaliza.

Editado por: Rogério Jordão
Tags: massacre
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