Doação de sangue

Hemocentros de vários estados estão com estoque crítico de sangue

Situação é mais grave que em outros anos. Pandemia acentuou a necessidade de mais doações

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Restrições que impediam homossexuais de doarem sangue foram derrubadas pelo STF em março de 2020 por considerarem medidas preconceituosas
Restrições que impediam homossexuais de doarem sangue foram derrubadas pelo STF em março de 2020 por considerarem medidas preconceituosas - Alexandre Carvalho/A2 Fotografia

Após as festas de fim de ano, os hemocentros de vários estados estão com os estoques de sangue em situação crítica, o que coloca em risco a vida de pacientes que precisarem de transfusão emergencial.

A preocupação com o nível dos estoques após as festas de fim de ano é habitual. Mas dessa vez, a situação está mais delicada do que em outros anos, como explicou o chefe da Divisão Técnica do Hemocentro do Distrito Federal, Alexandre Nonino.

"É próximo das festas que as pessoas viajam bastante. Na semana de Natal e Ano Novo é comum termos uma redução no comparecimento. É que ela foi mais intensa nesse ano. Mesmo quando a gente não esperava, já que as pessoas estão viajando menos", ressalta.  

O hemocentro do Distrito Federal começou o ano de 2021 com estoques críticos de sangue dos tipos O negativo, O positivo e B negativo. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão com escassez de ao menos quatro tipos sanguíneos. O hemocentro do Tocantins informou que está com estoque crítico em todas as tipagens sanguíneas, com urgência para o tipo O negativo.

Para resolver o problema da falta de sangue em várias regiões brasileiras, é preciso que haja aumento no volume de doadores. Durante a pandemia de covid-19, os hemocentros da maioria dos estados estão recebendo doadores de sangue apenas mediante agendamento prévio pela internet ou por telefone — para evitar aglomerações e para diminuir o tempo de permanência dessas pessoas nas salas de espera e de coleta de sangue.

O analista de sistemas Jonathan Ferreira Franco começou a doar sangue há cerca de 10 anos e não parou mais. Ele contou que vai ao hemocentro do Distrito Federal de três a quatro vezes por ano.

"É meio que uma gratidão à sua vida, à sua saúde, e saber que você está ali ajudando o outro é bacana. Porque doar sangue eu também acho que é um ato de amor ao próximo. Você está fazendo o bem a quem você nem conhece. E eu fiz isso com a rotina, com o estilo de vida, porque se hoje eu tenho a graça de estar saudável e poder fazer porque outras pessoas precisam, então, por que não fazer? Acho que é isso que me motiva. É algo importante para mim. Faz parte da minha vida", explica.  

Para doar sangue, como Jonathan, é preciso ter idade entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, estar bem alimentado, e ter dormido pelo menos seis horas na noite anterior. Em alguns casos, a doação pode ser impedida — por exemplo, se a pessoa já utilizou drogas ilícitas injetáveis; se teve hepatite após os onze anos de idade; e se possui doenças transmissíveis pelo sangue, como HIV/Aids, doença de Chagas, e as hepatites B e C.