EUA

No 1º discurso, Biden pede união: "Podemos nos ver como vizinhos, não adversários"

A vice-presidente Kamala Harris foi empossada pouco antes do presidente; mandato do democrata vai até janeiro de 2025

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O presidente dos EUA, Joe Biden, faz seu discurso de posse nesta quarta-feira (20), no Capitólio dos EUA em Washington, DC; Biden foi empossado como 46º presidente dos Estados Unidos - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Joseph R. Biden Jr. – ou Joe Biden, como prefere ser chamado – foi empossado nesta quarta-feira (20) como o 46º presidente dos Estados Unidos, assim como a vice-presidente Kamala Harris. Em seu primeiro discurso, o novo mandatário pediu “união” dos norte-americanos.

“Toda minha alma está nisso: unir a América, juntar a nação, e eu peço a cada americano que se junte a mim nessa causa”, afirmou. "Podemos nos ver não como adversários, mas como vizinhos", disse.

Para Biden, estes são “tempos desafiadores”. “Nós podemos atravessá-lo como os Estados Unidos da América”, afirmou.

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O mandato de ambos termina em 20 de janeiro de 2025, caso não sejam reeleitos.

O agora ex-presidente Donald Trump não participou da transmissão de cargo, tornando-se o primeiro mandatário a não comparecer à posse do sucessor em mais de cem anos. O republicano deixou a Casa Branca na manhã desta quarta em direção a seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida.

'Democracia venceu'
O democrata citou, por diversas vezes, a "proteção à democracia" e fez referências à invasão ao Capitólio por apoiadores de Trump que ocorreu no dia 6 de janeiro, durante a sessão do Congresso que certificou sua vitória eleitoral.

"Aprendemos de novo que a democracia é preciosa. A democracia é frágil. E nesta hora, meus amigos: a democracia venceu. Este é o dia da América. Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa - a causa da democracia", destacou o presidente.

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Biden criticou duramente os invasores e os classificou como criminosos. O democrata afirmou que o objetivo da invasão era "atacar a democracia" e prometeu que "isso não vai voltar a acontecer nunca mais".

O novo presidente norte-americano também pediu o fim do que chamou de "guerra" entre "azul e vermelho" (em referência às cores simbólicas dos partidos Democrata e Republicano) e entre "conservadores e liberais".

"Nós podemos fazer isso se abrirmos nossa alma ao invés de endurecer nossos corações, se nós mostrarmos um pouco de tolerância e humildade", afirmou.

O mandatário também falou sobre o combate ao racismo e às mudanças climáticas, condenou supremacistas brancos e disse que "o sonho de justiça para todos não será mais adiado".

"Um grito por justiça racial, há cerca de 400 anos em gestação, nos emociona. Um grito de sobrevivência vem do próprio planeta, um grito que não poderia ser mais desesperado ou mais claro agora. A ascensão do extremismo político, da supremacia branca, do terrorismo doméstico, que devemos enfrentar e derrotaremos", afirmou.

Covid-19

No discurso, Biden também falou em união para combater a pandemia do novo coronavírus e pediu um momento de silêncio por todas as vítimas da covid-19 nos EUA. O país lidera o ranking de contágios e mortes pela doença, com mais de 400 mil óbitos.

Sobre os efeitos da pandemia, o presidente lembrou que "milhões de empregos foram perdidos" e que "centenas de milhares de empresas fecharam" e, citando a bíblia, disse que "vocês podem chorar à noite, mas um novo dia com sol há de vir. Vamos passar por isso juntos, juntos, eu prometo".

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O novo presidente já montou uma comissão de emergência formada por especialistas para conter o avanço da pandemia nos Estados Unidos.

"Nós precisamos de todas as nossas forças para nos preservarmos durante esse inverno sombrio. Estamos entrando no que pode ser o período mais letal do vírus. Precisamos colocar a política de lado e finalmente encarar essa pandemia como uma nação, uma única nação", afirmou Biden.

Primeira mulher como vice

A vice-presidente Harris fez história ao ser empossada, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra e de descendência indiana a assumir o cargo.

Filha de imigrantes, Kamala Harris (pronuncia-se KÂmala), 55 anos, carrega um histórico de pioneirismo em sua carreira. Quebrando estereótipos nas eleições da Procuradoria-Geral da Califórnia e do Senado dos Estados Unidos, a advogada se consagrou, agora, como a primeira mulher negra na vice-presidência do país.

Harris chegou a disputar a indicação para ser candidata dentro do partido, mas sua campanha perdeu fôlego em dezembro de 2019, quando a ex-senadora desistiu alegando não ter mais dinheiro para continuar a disputa. De uma lista com outras 11 mulheres, ela foi a escolhida para acompanhar Joe Biden na campanha presidencial democrata.

Biden lembrou da vice em seu discurso e fez referência o movimento pelo direito ao votos das mulheres. "Aqui estamos nós, onde há 108 anos em outra posse, milhares de manifestantes tentaram bloquear mulheres corajosas que marcharam pelo direito de voto. E hoje marcamos a posse da primeira mulher eleita para um cargo nacional, a vice-presidente Kamala Harris. Não me diga que as coisas não podem mudar", disse.