Racismo estrutural

Jornal Brasil Atual Edição da Tarde | 23 de fevereiro de 2021

População negra residente em áreas da periferia de SP é a mais afetada pela pandemia, segundo estudo do Instituto Pólis

Ouça o áudio:

Ativistas protestam por mais verbas para as periferias da capital paulista - Milena Sobrinho

Dados levantados pelo Instituto Pólis apontam que, nas regiões de periferia da capital paulista, idosos morrem quase duas vezes mais do que o esperado em relação à população da faixa etária na cidade.

A análise realizada com base no mapeamento de hospitalizações e óbitos por covid-19 na cidade de São Paulo ao longo de 2020 mostrou que pessoas que vivem na periferia são mais afetadas pela doença.

Além disso, o estudo apontou que vacinar os idosos que vivem em regiões mais carentes é uma estratégia mais eficiente do que uma distribuição que desconsidera a geografia da pandemia.

Os números do Instituto Pólis mostram que a pandemia atinge mais pessoas negras do que brancas. Em 2020, morreram 52% mais homens negros do que brancos e 60% mais mulheres negras do que brancas.

Essa diferença também pode ser observada entre os idosos negros, que morrem quase duas vezes mais do que o esperado em relação à população total nessa faixa etária. 

De acordo com Vitor Nisida, pesquisador do instituto, a população periférica possui menos acesso ao sistema de saúde, menor renda e está mais exposta ao vírus, já que, em muitos casos, é impossível a realização do isolamento ou de home office.

Ainda segundo o pesquisador, o estudo também buscou traçar quais regiões são mais afetadas pela doença. 

Para ele, vacinar o público prioritário nessas regiões poderia ser mais eficaz na vacinação e no combate à pandemia.

Segundo o estudo, distritos com menor proporção de população negra e de maior padrão de renda apresentam baixa ou nenhuma sobremortalidade, isto é, um número de óbitos observados maior que o de óbitos esperados.

Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), concorda que a pandemia evidenciou os problemas sociais do país, mas, segundo ela, não pode haver privilégios sociais no processo de vacinação.

Para a médica, o grande problema enfrentado hoje é a falta de vacinas, já que o Brasil tem conhecimento e técnicas de vacinação em massa da população. 

O Instituto Pólis aponta que as populações idosas de distritos como Sapopemba, Brasilândia, Freguesia do Ó, Iguatemi e Jardim Helena deveriam ser priorizadas na aplicação da vacina, já que estão mais expostas.

Áreas em São Mateus, Cachoeirinha, Jardim Ângela, Grajaú, Jardim São Luís, Cidade Tiradentes e Cidade Ademar também entram na lista.

Confira todos os destaques e o jornal completo no áudio acima. 

------ 
O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos