Direito de viver

8M: Mulheres se mobilizam pelo auxílio emergencial: “R$ 250 é o almoço de um senador”

Para Maria Fernanda Marcelino, militante da MMM, auxílio reduzido e vinculado ao ajuste fiscal é criminoso e assassino.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

“Mulheres na luta pela vida! Fora Bolsonaro, vacina para toda população e auxílio emergencial já!” é o mote das ações que marcam este 8 de março - Reprodução

Na semana em que o Brasil bateu novos recordes de mortes e contágios pela covid-19, mulheres de todo o país se mobilizam pelo direito de viver: “Mulheres na luta pela vida! Fora Bolsonaro, vacina para toda população e auxílio emergencial já!” é o mote das ações que marcam este 8 de março, Dia Internacional de Luta da Mulher, e o título de um manifesto assinado por mais 80 organizações do campo e da cidade.  

Para Maria Fernanda Marcelino, militante da da Marcha Mundial de Mulheres e integrante da SOF – Sempreviva Organização Feminista, uma família ter que viver com R$ 250, valor do novo auxílio proposto pelo governo, com o aumento do custo dos alimentos, da energia elétrica e demais necessidades básicas é criminoso: “250 não é uma garrafa de vinho de um deputado, não é um almoço de um senador”, ressaltou durante live do Brasil de Fato nesta quinta-feira (4).

“Não é possível sair da pandemia se a gente não salvar as pessoas da fome. Se a gente não tiver condição de atendê-las nos hospitais”, destacou Marcelino.

Assista à entrevista:

Na quarta-feira (03), o Senado rejeitou o pedido de desmembramento da Proposta de Emenda Constitucional 186.Com isso, a aprovação do benefício fica condicionada à admissão de novas regras de ajuste fiscal.

Ela lembra que o auxílio emergêncial de R$ 600,00 foi uma conquista do movimento popular, e que já era insuficiente, pelo aumento da precariedade dos trabalhos e do desemprego: “Estamos vendo as mulheres indo para as feiras com as sacolas para recolher o que sobra, do que sobra”.

Aumento de feminicídios

No caso das mulheres, o vírus não foi o único perigo da pandemia. Durante o primeiro semestre de 2020, período de início da quarentena causada pela crise da covid-19, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 apontou um aumento de 3,8% nas chamadas para o 190 sobre casos de violência doméstica, chegando a um total de 147.379. O anuário ainda denunciou um aumento de 1,9% nos feminicídios, chegando a 648 no mesmo período. 

“O movimento feminista denuncia desde muito tempo a questão da violência contra as mulheres. É um mecanismo de controle das mulheres e, na pandemia, esse controle e essa expressão do patriarcado se expressa com muito mais força”, destaca Marcelino.

Vacina para toda população e "Fora, Bolsonaro"

Maria Fernanda ainda pontuou a necessidade de vacinação para toda a população e denunciou os ataques que a ciência vem sofrendo, que impactaram diretamente na crise sanitária e na demora para produção e distribuição de vacinas.

Para a militante, a única solução para salvar vidas é a saída do presidente Bolsonaro. “Quando a gente diz: fora Bolsonaro, nós não estamos dizendo fora a figura dele. Nós estamos dizendo fora a política inteira deste governo. Nós não queremos essa política que mata as pessoas, degrada o meio ambiente e favorece o lucro do mercado. Em defesa da vida e para ter vida é necessário que esse governo acabe agora”. 

O 8 de março neste ano será virtual, devido às medidas de distanciamento social e proteção à vida necessárias em meio à pandemia. De 7 a 14 de março uma jornada por todo o país denunciará essas políticas genocidas. 

No dia 7 de março, um grande Ato Político Cultural nacional será realizado virtualmente e transmitido nas páginas das mais de 80 organizações que assinam a mobilização. A partir do dia 8, atos virtuais e simbólicos acontecerão por todo o país se encerrando no dia 14 de março, que marca os 3 anos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Edição: Leandro Melito