Mobilização

Petroleiros fazem greve em seis estados contra abusos e privatizações na Petrobras

Contra assédio moral e falta de segurança nas unidades, trabalhadores cruzaram os braços no AM, ES, MG, PE e SP

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Petroleiros do Espírito Santo reclamam das da falta de segurança no trabalho - Reprodução / FUP

Petroleiros do Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo iniciaram uma greve nesta sexta-feira (5).

Além disso, petroleiros da Bahia também retomaram a paralisação, após o fracasso das negociações com a direção da Petrobras. Outros sete sindicatos da categoria realizam assembleias nos próximos dias para decidir se também vão aderir à greve.

Além da privatização fatiada de subsidiárias da Petrobras, os trabalhadores reclamam da piora das condições de trabalho. Eles afirmam que o assédio moral virou “ferramenta de gestão”, utilizada pela direção da empresa para pressionar os trabalhadores.

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Além de uma política de combate ao assédio moral, os petroleiros também querem o fim das dobras de turno e das prorrogações de jornada com a greve deflagrada.

Também reivindicam a implementação do acordo coletivo de trabalho específico para os trabalhadores que cumprem jornada de 12 horas diárias.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os trabalhadores estão esgotados, “física e psicologicamente”.

A entidade afirma que não há diálogo com os sindicatos. Por outro lado, as gerências das unidades da Petrobras submetem a categoria a jornadas exaustivas e a multifunções, seja no trabalho presencial ou remoto.

Além disso, a FUP denuncia transferências compulsórias de trabalhadores e descumprimento do acordo coletivo.

De acordo com a federação, a greve atual dos petroleiros se dá “em defesa da vida, dos empregos e dos direitos”.

“Não podemos admitir que milhares de trabalhadores tenham suas vidas viradas de ponta cabeça, sem que a direção da Petrobras aceite sequer negociar alternativas propostas pela categoria.

Tudo isso em meio à pandemia da covid-19, que avança sobre os petroleiros, com centenas de trabalhadores contaminados semanalmente devido à incompetência e à negligência da gestão Castello Branco”, disse a FUP, em nota.

Bahia

Na Bahia, além das questões trabalhistas, os petroleiros também protestam contra a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam).

Eles haviam entrado em greve no dia 17 de fevereiro. Mas a paralisação foi suspensa no dia seguinte, quando a Petrobras anunciou a intenção de negociar.

No mês passado, a Rlam foi vendida para a Mubadala Capital, fundo de investimentos de Abhu Dhabi, por US$ 1,65 bilhão.

Mas, de acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a refinaria foi vendida por menos de 50% do seu valor. Segundo cálculos do instituto, o valor de mercado da Rlam estaria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões.

Mobilização

Em São Paulo, petroleiros das refinarias de Mauá (Recap) e de Paulínia (Replan) cruzaram os braços nesta manhã. Eles protestam do desmonte da Petrobras e dos impactos que das privatizações para os trabalhadores. No Espírito Santo, os petroleiros de campos terrestres, em São Mateus, aderiram à paralisação.

Na Refinaria de Manaus (Reman), com efetivos reduzidos, os trabalhadores afirmam que estão expostos a riscos diários de acidentes e contaminação pela covid-19. Na Bahia, o sindicato denuncia a presença de forte aparato policial nos arredores da Rlam.

Combustíveis a “preço justo”

Nesta quinta-feira (4), os petroleiros participaram das manifestações convocadas pelas centrais em favor do emprego, da vacinação para todos e do auxílio emergencial de RS 600.

Em parceria com a CUT e movimentos sociais, os trabalhadores da Petrobras realizaram a venda de combustíveis a “preço justo” em nove estados.

Taxistas, motoristas e entregadores de aplicativos puderam adquirir gasolina por R$ 3,50 o litro. Em Salvador, caminhoneiros também puderam abastecer pagando R$ 3,09 no litro do diesel.

Os descontos nos combustíveis serviram para protestar contra a política de Paridade de Preço Internacional (PPI), que é adotada pela Petrobras desde 2016.

Ou seja, atrelados ao valor do barril de petróleo no mercado, somado à desvalorização do real no último período, os preços dos combustíveis explodiram. Como resultado dessa política, a gasolina registra alta acumulada de 41,5%, somente em 2021. No diesel, o aumento chega a 34,1%.