PANDEMIA

EUA assumem pressão em Bolsonaro contra vacina russa, e Putin pediu ajuda a Lula

Departamento de Saúde estadunidense confirmou em documento oficial que "convenceu o Brasil a rejeitar a Sputnik V"

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Departamento de Saúde dos EUA pressionou governo Bolsonaro a não comprar a vacina russa que tem eficácia de 91% contra a covid-19 - Prensa Presidencial

Em seu relatório anual de 2020, o Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos revelou que utilizou suas relações diplomáticas para obrigar o Brasil a rejeitar a vacina russa Sputnik V.

A justificativa dos EUA seria a necessidade de diminuir a influência da Rússia na região. 

Segundo o ex-ministro de Saúde brasileiro Alexandre Padilha, o governo de Vladimir Putin acionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ajudar nas negociações entre os dois países na compra da vacina. 

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Padilha afirma que o Fundo de Investimento Direto Russo, que financiou a fabricação da Sputnik V, estava desde junho de 2020 em negociações com o Brasil, mas a "parceria não andava".

A proposta era desenvolver a fórmula entre o Instituto Gamaleya e o Instituto Tecnológico do Paraná (TecPar). Contrato similar foi aprovado pelo governo argentino de Alberto Fernández. 

Padilha foi convidado a participar da reunião entre representantes do fundo russo e o ex-presidente brasileiro, junto ao também ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão. O encontro teria acontecido logo depois que Lula assinou um manifesto pedindo mais vacinas ao Brasil. 

A fórmula russa  foi a primeira registrada na Organização Mundial da Saúde (OMS), tem eficácia de 91,6% contra o vírus sars-cov2 e já foi aceita em 48 países. Com a Sputnik V, a Rússia lidera a imunização entre os países europeus, com 3 milhões de habitantes que já receberam as duas doses do medicamento.

No Brasil, foram adquiridas 39 milhões de doses pelo Consórcio do Nordeste com desconto oferecido pela Rússia. 

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil foi procurado pelo Brasil de Fato para comentar o assunto e negou que sofreu pressão de Washington. "As negociações do Brasil com diversos países e consórcios para a aquisição de vacinas contra a COVID-19 têm sido norteadas por princípios como o senso de urgência e a escolha soberana de fornecedores" . No entanto, não irá questionar ou responder as publicações do Departamento de Saúde estadunidense, "não cabe ao Itamaraty responder a mensagens que não lhe foram dirigidas".

* Com informações da Agência Sputnik e Revista Fórum

Edição: Rodrigo Durão Coelho