CCJ

Ataque de deputado bolsonarista "mostra o que é o fascismo", diz Paulo Teixeira

Parlamentar petista foi xingado de vagabundo por Carlos Jordy (PSL-RJ) após criticar Bolsonaro pelo combate à pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Reação de bolsonaristas se deu após Teixeira chamar Bolsonaro de genocida durante reunião da CCJ; Bancada do PT entrará com representação na Comissão de Ética - Foto: Reprodução/TV Câmara

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) foi alvo de agressões verbais e ameaças por parte de deputados bolsonaristas após criticar a condução do combate à pandemia e chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de genocida durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira (17). 

O petista foi interrompido por Carlos Jordy (PSL-RJ) enquanto apresentava argumentos contra o presidente e defendia que ele fosse julgado criminalmente pelo ato de genocídio. 

“Ele é um genocida e quem o defende comunga dos seus atos e palavras”, disse o parlamentar.

Jordy, então, afirmou em alto tom que não toleraria a afirmação. “Se ele é um genocida, você é um vagabundo”, declarou. As agressões verbais a Teixeira foram endossadas pela deputada Alê Silva (PSL-MG). 

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O deputado bolsonarista disse ainda que Teixeira era “cúmplice de um vagabundo corrupto”, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Partido dos traficantes, partido dos traficantes. Bando de vagabundo que roubou a República”, gritou, defendendo Bolsonaro.

As falas exaltadas foram respondidas: “Eu provo que ele é genocida. Você é um moleque”, disse o petista.

O bate-boca entre os parlamentares antecipou o encerramento da sessão, após Bia Kicis, presidente da CCJ, ter chamado a atenção dos parlamentares e ter sigo ignorada. 

Em entrevista ao Brasil de Fato nesta quinta (18), Teixeira afirma que a bancada do PT discute entrar com uma representação no Conselho de Ética contra Jordy.

“Eles me interromperam violentamente. 'Se ele for genocida, você é vagabundo'. Nem o defenderam, nem foram no mérito, vieram me agredir a ponto de cair a sessão. Isso demonstra o que é o fascismo. Falta de argumentos e violência, violência política. Me ameaçou fisicamente: 'vou te pegar lá fora'. É o fascismo, mas não vamos recuar”, declara o deputado federal.

Segundo ele, o processo na Comissão de Ética será uma oportunidade de explicar com detalhes porque o termo genocida cabe ao presidente Jair Bolsonaro.

“Ele dispensou a compra de vacinas, dispensou o uso de máscara, não providenciou oxigênio em Manaus, desestimulou o isolamento. Todas as medidas sanitárias foram boicotadas por ele. E estamos nessa tragédia, nesse caos, nesse colapso do sistema de saúde. Ele é um genocida”, reforça o parlamentar.

Lei da ditadura

Na última segunda-feira (15), o youtuber Felipe Neto foi intimado a comparecer a um distrito policial responder a uma intimação por crime contra a Lei de Segurança Nacional, por também ter chamado Bolsonaro de genocida.

Foi o próprio intimado quem divulgou a informação, por meio em sua conta no Twitter.

Na manhã desta sexta (18), a #PetistaVagabundo seguia entre os assuntos mais citados do Twitter estimulada por apoiadores do presidente. 

A postura de Jordy durante a reunião da CCJ foi elogiada por Eduardo Bolsonaro. “Se esquecermos dos nefastos tempos de PT, esse pessoal da esquerda se achará no direito de nos xingar daquilo que eles são. O deputado Carlos Jordy chama as coisas pelo nome”, escreveu.

Paulo Teixeira repudia a postura dos demais parlamentares e reforça que as criticas ao presidente e a má condução do combate à pandemia não irão cessar. 

“Eles têm feito isso com todo o crítico do governo. Me ameaçaram de cassação, de enquadrar na Lei de Segurança Nacional. Usam uma lei da ditadura militar para perseguir adversários e críticos. É a violência política. A política do ódio que eles difundem. Isso não vai nos constranger, vamos prosseguir”.

O Brasil de Fato procurou o gabinete do deputado Carlos Jordy e aguarda posicionamento sobre o assunto. 

Edição: Rebeca Cavalcante