ATO SIMBÓLICO

Ministro da Saúde é recebido com protesto ao visitar Faculdade de Medicina da USP

Queiroga se reuniu com docentes nesta quinta (25); comunidade acadêmica organizou ato em repúdio à condução da pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"Qual é o plano, Ministro", questionaram estudantes, pós-graduandos e médicos residentes durante visita de Queiroga a instituição - Reprodução

O novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, visitou a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), nesta quinta-feira (25), e se encontrou com 72 professores titulares da instituição. O convite partiu do diretor da instituição, Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho.

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Durante a visita do ministro, alunos da faculdade, médicos residentes e pós-graduandos organizaram um ato em repúdio à gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro e em memória das 300 mil vítimas.

 

Na última quarta-feira (24), o país ultrapassou a marca de 300 mil mortos por covid-19. Desde o início da pandemia, em março de 2020, os registros oficiais apontam 300.675 vítimas, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). 

O órgão recebeu, as últimas 24 horas, notificações que somaram mais 1.999 óbitos ao balanço. No mesmo período, também foram reportados 89.414 novos casos de covid-19 no Brasil, totalizando 12.219.433 desde o ano passado. 

Integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) também participaram do ato. 

As entidades estudantis, que realizam uma Jornada de Lutas da Juventude até o dia 30 de março, também cobram do Governo Federal ações efetivas, como aceleração da vacinação, auxílio emergencial e valorização da ciência.

O ato simbólico na Faculdade de Medicina da USP ocorreu com distanciamento social do lado de fora da sala onde o ministro se reunia com os docentes e no entorno do prédio. Os manifestantes empunhavam cartazes com os dizeres “Qual é o plano, Ministro”, “Fora Bolsonaro” e “Vida, pão, vacina e educação”.

Duas faixas foram colocadas em frente a Faculdade de Medicina da USP. A primeira, de 35 metros, trazia a mensagem “A gripezinha já matou 300 mil brasileiros. Bolsonaro Genocida” e uma outra, menor, colocada em frente a porta da Universidade, dizia "300 mil é genocídio".


As faixas instaladas por entidades estudantis fazem parte da Jornada de Lutas da Juventude, que pedem "Vida, pão, vacina e educação" / Foto: Edson Lopes Jr

Na saída da faculdade, Queiroga ouviu dos manifestantes o coro de “mais vacina e menos cloroquina”.

“Estamos protestando contra todos os desgovernos e desmando que veem acontecendo", explicou ao Brasil de Fato um estudante de medicina que participava do protesto. "Queremos saber como que o novo ministro da Saúde pretende mudar o planejamento estratégico para dar um novo rumo a condução da pandemia no Brasil". 

Questionado sobre as expectativas de uma nova postura da pasta daqui para frente, o estudante avalia que essa mudança é uma necessidade urgente. “Todos as tentativas, até então, foram falhas. A falta de comunicação, nos diferentes níveis de gestão, nos colocaram em níveis alarmantes”, pontua.

“Queremos ver o que o novo ministro da saúde espera a partir de agora”, explicou a vice-presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC) em vídeo publicado nas redes. “Tudo o que a gente espera de um ministro da saúde é que ele seja comprometido com a verdade e com as evidências científicas”, completa.

Em nota, docentes enumeraram estratégias

Na última terça-feira (16), os docentes da faculdade divulgaram uma carta demonstrando preocupação com o grave momento da pandemia no país.

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“Um desafiador agravante da situação é o surgimento de variantes do SARS-CoV-2, que tem tornado ainda mais urgente nossa corrida pela imunização e, mais importante, pela implementação de medidas estruturais e comportamentais de controle da pandemia”, dizia trecho da nota.

Na carta, os professores titulares da faculdade enumeraram dez estratégias a serem adotadas no combate a pandemia, como a implementação de estratégias de testagem, rastreamento e isolamento de casos e contatos, a adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas, com estratégias socialmente pactuadas para garantir adesão e eficácia e medidas de combate às notícias falsas e más práticas de prevenção e tratamento.

Edição: Poliana Dallabrida