Socialismo

Cuba planeja vacinar toda população contra covid-19 até final de 2021

Governo cubano vai utilizar vacinas desenvolvidas na ilha; candidatas mais avançadas são Soberana 02 e Abdala

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Abdala, segunda candidata, atua na proteína Spike do Sars-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as células humanas - Reprodução/@MINSAPCuba

O ministro da Saúde de Cuba, José Angel Portal Miranda, disse nesta quinta-feira (25/03) que o governo cubano planeja vacinar toda a população do país contra a covid-19 até o final de 2021. 

Segundo Miranda, as cinco vacinas que estão sendo desenvolvidas em Cuba apresentaram, até este momento, "resultados favoráveis" nos testes clínicos. 

"Cinco candidatas de vacina, duas na fase 3 e três delas nas fases 1 e 2. Os resultados obtidos até essa data são muito favoráveis. Assim, esperamos imunizar toda população ainda neste ano de 2021", disse. 

Em conferência promovida pelo Foro de São Paulo nesta quinta-feira, transmitida em mais de três línguas, o ministro declarou que, apesar do desempenho das vacinas, o governo está "consciente" de que os imunizantes não são os únicos fatores para "frear a propagação da covid-19" no território. "O desafio seguirá sendo reforçado por medidas sanitárias que leve a minimizar o contágio na nossa população", afirmou Miranda.

As candidatas mais avançadas são a Soberana 02, com 44.010 voluntários na última etapa de estudos, e a vacina Abdala, com aplicação em 42 mil voluntários. A primeira tem duas combinações distintas que estão sendo testadas com base na proteína RBD (receptor-binding domain, em português 'domínio de união ao receptor'), aliada a um toxoide tetânico. A Abdala, por sua vez, atua na proteína Spike do Sars-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as células humanas. O país socialista ainda desenvolve outras três vacinas contra o novo coronavírus: Soberana 01, Soberana Plus e Mambisa.

Relembre: Cuba aprova início de 3ª fase de testes da Abdala, outra vacina da ilha contra covid

Ainda segundo o ministro, o desempenho realizado pela ciência cubana foi "vital" para os resultados positivos do país. De acordo com ele, o governo da ilha estava preparado para a chegada do novo coronavírus, já que, "desde o instante que o vírus surgiu como uma ameaça à população", começaram a ser tomada medidas "divididas em primeiro lugar para salvar vidas".

"Muito antes do primeiro caso no território nacional, já tinham sido desenhadas as ações correspondentes para conter a doença a partir de um plano nacional para prevenção e controle do novo coronavírus", declarou Miranda, apontando que o projeto nacional não foi algo "estático", mas sim um plano que foi sendo atualizado "conforme as mudanças de fases estabelecidas".

Além dos 66 mil voluntários que participam da fase 3 das duas vacinas contra a covid-19, o plano de vacinação cubano inclui dois estudos de intervenção para avaliar a eficácia dos imunizantes em grupos de risco.

São 150 mil voluntários em Havana, capital da ilha, e mais 120 mil em Santiago de Cuba, Granma e Guantánamo. Segundo o portal Prensa Latina, ambos os estudos incluem profissionais da saúde e trabalhadores da indústria biofarmacêutica do país.

A ideia é imunizar gradativamente a população. O governo espera alcançar entre abril e maio deste ano um total de 1,7 milhão de pessoas protegidas contra o vírus. Ao programa cubano Mesa Redonda, Ileana Morales, diretora de Ciência e Inovação do Ministério da Saúde, disse que o governo planeja iniciar a imunização em massa no mês de junho após a autorização do uso emergencial dos imunizantes. 

Com isso, o governo prevê que seis milhões de cubanos estejam vacinados até agosto de 2021, mais da metade dos 11,2 milhões de habitantes. De acordo com Morales, cada etapa será realizada de forma gradual, uma vez que os processos passam por verificações rigorosas das agências reguladoras. 

Cuba já registrou 69.802 contaminados com covid-19, sendo que 66.004 já se recuperaram da doença e 408 faleceram. De acordo com o Ministério da Saúde, entre os 3.334 casos ativos, apenas 41 estão em estado grave.

Ainda segundo o Ministério, não foi registrado nenhum falecimento de crianças, adolescentes, gestantes e profissionais da saúde em decorrência do novo coronavírus.