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Arte e Cultura

Sem trabalho e apoio na pandemia, artistas criam movimentos solidários

Cestas básicas são arrecadadas via vaquinhas virtuais e a realização de lives multiculturais

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O circo foi um dos setores artísticos mais afetados com a pandemia - Divulgação

Já dizia a música de Milton Nascimento: “Todo artista tem de ir onde o povo está.” Com a pandemia, porém, o setor artístico cultural foi um dos primeiros a parar e, provavelmente, será um dos últimos a retornar.

No Paraná, com pouco apoio do poder público e irregularidades na distribuição dos recursos da lei Aldir Blanc, movimentos solidários foram criados, principalmente para arrecadar cestas básicas para ajudar aqueles já sem renda.

A atriz, cantora e produtora Débora Celeste é coordenadora do Movimento Cultural Solidário, que foi formado em março de 2020. “Começamos pedindo ajuda para a Prefeitura de Curitiba. Disseram que era para gente pedir cesta básica na Fundação de Assistência Social. Muitos artistas foram lá e não conseguiram nem ser atendidos”, conta.

Sem apoio do poder público, o jeito foi a mobilização entre os artistas. “Começamos a fazer lives multiculturais para arrecadação de cestas básicas, via vaquinha virtual.” O movimento ajuda, por mês, 60 famílias de artistas.

A programação de lives é variada e conta com apresentações de música, teatro, artesanato, entre outras formas de expressão artística. A ação também promove uma campanha de arrecadação de cestas básicas e produtos de higiene e limpeza para auxiliar os artistas da região que passam por situação de vulnerabilidade social, agravada pela pandemia. As apresentações acontecem de segunda a quinta, da casa dos artistas participantes.

A ação também promove campanha de arrecadação de cestas básicas e produtos de higiene e limpeza para auxiliar artistas da região que estão em vulnerabilidade social.  

Adote um circo

Os circos estão parados e proibidos de abrir para evitar aglomerações. São famílias inteiras que dependem da renda das apresentações semanais. Segundo Márcio Francisco Cabral, presidente do Fórum Setorial do Circo no Paraná, a maioria dos circos já perdeu parte de suas estruturas e os artistas estão vendendo seus instrumentos de trabalho para sobreviver. “Estamos em risco de extinção, perdendo tudo.”

Para suprir a falta de apoio do poder público, artistas circenses lançaram uma Campanha chamadaNão deixe o Circo Morrer: adote um circo”, para chamar parcerias com empresários e da sociedade civil. “É uma forma de sensibilizar a sociedade também sobre a importância da alegria do circo nas vidas das pessoas”, diz Márcio. 

Salve a Graxa

Outra área que passa por um momento bastante crítico é o da técnica, muitas vezes invisibilizada. Sem os operadores de luz, de som, as costureiras, os iluminadores, entre outros, um espetáculo, um show nem começam. Muitos são os profissionais deste setor que ficaram totalmente sem renda.

“Nossa área foi uma das mais afetadas. Têm muitos colegas passando fome, falecimentos por COVID19, desistência da profissão. Tivemos a Lei Aldir Blanc, mas ela não atende estes profissionais,” diz Lauro Oliveira, técnico de som e presidente da Associação Paranaense de Profissionais e Técnicos do Paraná.  Os próprios técnicos criaram o Movimento “Salve a Graxa para arrecadação de cestas básicas via vaquinha virtual.

Edição: Lia Bianchini