Um surto de Covid-19 assombra ainda mais a vida de trabalhadores do setor de coleta de lixo na Companhia de Serviços de Urbanização (SURG) de Guarapuava, no Paraná. De acordo com denúncias recebidas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (Sindiurbano-PR), pelo menos quatro trabalhadores foram contaminados pela doença. Todos são casos graves e que precisaram ser internados.
Entre eles, trabalhadores terceirizados que conduzem caminhões da coleta. A SURG faz a locação de caminhões, sendo que o contrato com a empresa terceirizada também inclui o serviço do condutor. Nesta quarta (28), o sindicato recebeu a confirmação de falecimento de um dos motoristas da empresa terceirizada que foi infectado. Também foi a óbito a sogra de um coletor, que se infectou após o genro ter Covid-19.
"A gente sempre alerta: um trabalhador doente significa o risco de contaminar os demais colegas de trabalho. Mas também de levar a doença para suas casas, suas famílias", diz Valdir Mestriner, presidente do Sindiurbano-PR, que representa os trabalhadores da SURG. Para o sindicato "a população de Guarapuava também está em risco, já que os caminhões da coleta de lixo transitam por todas as ruas da cidade".
De acordo com a Nota Orientativa da Secretaria de Estado da Saúde, é considerado surto quando pelo menos três trabalhadores de uma empresa são confirmados com a Covid-19 em "menos de 14 dias entre eles e em condições sugestivas de que a transmissão ocorreu no local de trabalho".
Nesse caso, a Nota orienta que a empresa investigue todos os contatos próximos do caso positivo e promova a coleta e o isolamento.
O Sindiurbano-PR fará denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e encaminhará informação também aos vereadores de Guarapuava.
Posicionamento da prefeitura
Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Guarapuava (Secom) enviou um documento que traz uma série de medidas que, segundo a Secom, a SURG está adotando para prevenir a Covid-19. A Secom, no entanto, não confirma o surto.
A pasta informa que os trabalhadores usam luvas descartáveis embaixo das luvas de coleta, "dando mais proteção e segurança aos coletores". E que a empresa faz "visualmente a avaliação de todos os envolvidos na coleta e caso apresentem qualquer sintoma, mesmo até de gripe, são afastados e encaminhados para exame".
No documento, ainda afirma que "as medidas preventivas têm dado resultado, pois os casos registrados indicam que a contaminação no município é menor que a média nacional".
