Mobilização

Artigo | 1° de Maio contra o genocídio, a fome, o desemprego e a destruição nacional

19 milhões de irmãs e irmãos passam fome, enquanto Paulo Guedes achincalha trabalhadores e Bolsonaro compra o "centrão"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O desemprego atinge mais de 14 milhões de pessoas, em sua maioria mulheres e negros - Reprodução

Por R$ 600 de auxílio para toda pessoa sem renda, vacina e distanciamento social para barrar o morticínio. Mais de 400 mil pessoas mortas. O desemprego atinge mais de 14 milhões de pessoas, em sua maioria mulheres e negros.

Mais de 28% da força de trabalho encontra-se subutilizada e mesmo entre as pessoas com ocupação remunerada, 39,5% estão na informalidade.

Parcelas significativas sobrevivem como podem, a exemplo do que acontece no nosso querido Nordeste onde 31% trabalham por conta própria, sem as garantias constitucionais mínimas. 

A fome voltou a humilhar e aterrorizar nossa gente. 19 milhões de irmãs e irmãos passam fome, enquanto Paulo Guedes achincalha trabalhadores e Bolsonaro compra os partidos do "centrão". 

Segundo levantamento do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça mais de 125 milhões de pessoas sofreram com a insegurança alimentar durante a pandemia.

O desespero toma conta das famílias, violentadas pelo aumento insuportável da carestia, principalmente dos preços dos alimentos. 44% das pessoas deixaram de comer carne. O preço proibitivo do botijão de gás força milhões aos riscos de queimaduras com uso de fogo a lenha.

O resultado da carestia é fome, desnutrição, endividamento, humilhação. 

O auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pela oposição em março de 2020 permitiu por alguns meses do ano passado que famílias e pequenos negócios se sustentassem na crise agravada pela pandemia.

Mas o austericidio do governo fiel ao dogmatismo da Faria Lima pelo teto de gastos cortou o auxílio, jogando milhões de pessoas e milhares de pequenas empresas à própria sorte. 

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A retomada de um auxílio miserável de R$ 250 está longe de ser suficiente para aliviar essa ferida aberta da fome, da insegurança alimentar, do desemprego e da quebradeira das empresas. 

Bolsonaro e seus apoiadores do "centrão" e do capital financeiro atuam juntos no desfazimento do tecido social brasileiro.

O desmonte do Estado e os sucessivos cortes de gastos públicos fazem a festa de um punhado de rentistas e de novos bilionários, enquanto a maioria da população desce a escada do empobrecimento e da miséria, na escalada das desigualdades sociais. 

A sabotagem de Bolsonaro às orientações da ciência diante da pandemia e sua política de destruição nacional para atender aos interesses do capital financeiro produzem caos, angústia e pânico. 

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Diante dessa tragédia humanitária é fundamental apontar um caminho que restabeleça a esperança do nosso povo, dessa brava gente que vive do seu próprio trabalho e que muitas vezes foi enganada pelas manobras, campanhas e golpes dos agentes da Faria Lima e de Wall Street.

As lutas unitárias neste 1° de Maio precisam apontar nesse sentido. A urgência é pelo auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, pela vacina para toda a população, pelo emprego e socorro aos pequenos negócios e por políticas públicas que garantam distanciamento social e impeçam aglomerações.

Essas medidas emergenciais unem as principais centrais sindicais neste dia internacional da classe trabalhadora.

As lutas para derrotar a extrema direita, o neoliberalismo e a continuidade da destruição nacional levada a cabo pelo governo Bolsonaro unem, também, partidos, centrais, movimentos e organizações das Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. Fora Bolsonaro. 

Que esse 1° de Maio nos sirva para refletir sobre a necessidade de um projeto unitário de reconstrução nacional que passa por descriminalizar os gastos e investimentos públicos, revogando o teto de gastos; fortalecer a atuação do Estado na economia a fim de promover pleno emprego,  combater desigualdades e planejar a reindustrializacão do Brasil modelada pelas carências do nosso país e da nossa gente e que rejeite a devastação ambiental e a agressão aos povos indígenas; restituir os direitos sociais, trabalhistas, previdenciários e sindicais golpeados depois do impeachment de 2016; promover a progressividade tributária com impostos sobre fortunas, altas rendas e patrimônios; promover uma agressiva política de investimentos em ciência, pesquisa e inovação tecnológica a serviço do bem estar da humanidade; fim das privatizações, fortalecimento das empresas públicas e forte atuação dos bancos públicos na garantia de crédito para pequenos produtores; reverter o desmonte da Petrobras e todos os retrocessos operados pela Lava Jato em conluio com o Departamento de Estado norte-americano. 

Esses e outros elementos de um projeto unitário precisam ser debatidos pela classe trabalhadora e suas organizações. Enquanto desenvolvemos nossas lutas em 2021 pelas urgências e necessidades mais sentidas pelo nosso povo, devemos buscar construir os laços e caminhos para derrotar a extrema direita e o neoliberalismo, nas redes, nas ruas e nas urnas.

Com a consciência dos corpos femininos, negros, indígenas, LGBTQI+ que compõem nossa diversidade com singularidades. Mas, sobretudo, com a consciência de classe daqueles e daquelas que nada mais dispõem a não ser a sua força de trabalho.

Pela vida, democracia, soberania e igualdade. Viva a classe trabalhadora. Viva a autodeterminação dos povos. Viva o 1° de Maio!

*Edson Carneiro Índio é Secretário Geral da Intersindical.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
 

Edição: Leandro Melito