Incêndios

Dia de Al-Quds: palestinos celebram resistência em meio a ataques da extrema-direita

Moradores da Cisjordânia acusam colonos judeus de atearem fogo em terras agrícolas da Palestina durante a semana

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Imagens dos incêndios, na noite do dia 3, foram registradas por moradores e postadas em redes sociais - Reprodução Twitter / Rania Zabaneh

Os palestinos comemoram nesta sexta-feira (7) o Dia Mundial de Al-Quds, uma das principais datas de celebração da resistência contra a violência comandada pelo Estado de Israel. Entre os dias 3 e 4, moradores da vila ocupada de Burin, na Cisjordânia, tiveram suas casas incendiadas.

A agência de notícias palestina Wafa atribui a autoria dos incêndios a judeus de extrema direita que vivem em Har Bracha, um assentamento colonial ilegal nos arredores de Burin. Não há números oficiais de mortos e feridos, e ninguém reivindicou o ataque até o momento.

A região atacada fica próxima de Nablus, cidade cercada por mais de 40 assentamentos ocupados por judeus israelenses, que vêm se multiplicando a partir de ataques a terras palestinas nos últimos meses.

Cerca de de 600 mil colonos judeus vivem em mais de 250 assentamentos ilegais na Cisjordânia.

Dia de resistência e solidariedade

O Dia de Al-Quds é comemorado na última sexta-feira do Ramadã – nono mês lunar do calendário islâmico, no qual muçulmanos de todo o mundo praticam jejum absoluto do nascer ao pôr do sol para purificar o corpo e a mente.

A data foi instituída pelo aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini, líder da Revolução Islâmica do Irã. O nome Al-Quds se refere a Jerusalém, cidade reivindicada como capital por Israel e Palestina.

Em mais de 80 países, o Dia de Al-Quds é marcado por atividades políticas e manifestações de rua. Devido à pandemia, pelo segundo ano seguido, as principais atividades são virtuais.

Em Teerã, no Irã, houve marchas em solidariedade ao povo palestino. no Líbano, integrantes do grupo Hezbollah hastearam uma bandeira da Palestina na cidade de Metula.


Refugiados palestinos e membros do Hezbollah hasteiam bandeira gigante em Metula, no Líbano / Ali DIA / AFP

Para além da pandemia e dos ataques na Cisjordânia, existem outros fatores que tornam o Dia de Al-Quds diferente em 2021.

Segundo o analista político palestino Mohsen Khalif Zade, as forças israelenses estão mais acuadas do que nos anos anteriores.

Em artigo traduzido para diferentes idiomas no início da semana, ele cita a explosão de uma fábrica de mísseis de Israel, na cidade de Ramallah, e um ataque a mísseis contra o centro nuclear israelense na cidade de Dimona.

"A celebração será diferente em 2021 porque os grupos de resistência estão derrubando o mito de invencibilidade do exército de Israel, e os colonos israelenses sabem que a vida de seu regime está chegando ao fim", escreveu.

O Estado de Israel foi criado em 1948 por uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas e modificou completamente a geopolítica da região, provocando a expulsão e o assassinato dos antigos ocupantes. Desde então, ocorrem conflitos armados, que já mataram mais de 20 mil pessoas, a maioria do lado palestino.

Nessa guerra, Israel recebe o apoio militar principalmente dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido. O chamado "Eixo da Resistência", que defende o reconhecimento da Palestina, abrange países como Turquia, Irã, Rússia e Síria e considera a ocupação israelense ilegal.

Edição: Leandro Melito