Por água abaixo

Órgão do Ministério da Saúde dá parecer contra uso de cloroquina para tratar da covid

"Não há evidência de benefício da cloroquina seja de forma isolada ou com outros medicamentos", confirma estudo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Bolsonaro mostra a cloroquina para seus apoiadores em Brasília: remédio ineficaz contra a covid-19 teve recursos públicos para ser produzido - Foto: Reprodução/Facebook

Mais uma vez, hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina são contraindicados para o tratamento da covid-19. Agora, o parecer é da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), um órgão técnico vinculado ao Ministério da Saúde. De acordo com o documento, "não há evidência de benefício" da cloroquina "seja no seu uso de forma isolada ou em associação com outros medicamentos." 

Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitou responder perguntas sobre o uso de cloroquina em pacientes com covid-19, justificando que esperaria o parecer da Conitec para se posicionar. Na ocasião, Queiroga afirmou que “essa [uso da cloroquina] é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec", durante a CPI. 

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Na mesma linha, Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), afirmou que não se falava em cloroquina como opção para o tratamento da covid-19 em março de 2020, no começo da pandemia no Brasil,

No entanto, no mesmo período, a própria Secom divulgou que o medicamento estava aprovado para combater casos graves. Na última semana de março de 2020, Bolsonaro defendeu o uso do medicamento durante uma videoconferência com líderes do G20 sobre o combate global ao novo coronavírus.

O assunto vem sendo um dos mais tratados durante as investigações da CPI, já que por diversas vezes o governo federal e o Ministério da Saúde fizeram propaganda do medicamento, mesmo sem comprovação científica da eficácia. 

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Em junho de 2020, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu a abertura de uma investigação sobre a compra, sem licitação, de matéria-prima para medicamentos à base de cloroquina pelo Comando do Exército. No ano passado, cerca de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina foram produzidos pelo Exército após Bolsonaro determinar a fabricação para o combate ao novo coronavírus. 

Na última quinta-feira (13), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso de mais dois medicamentos contra a doença, somando cinco remédios liberados: banlanivimabe, etesevimabe, casirivimabe e imdevimabe e remdesivir. Em nenhum momento, a agência sequer indicou para a possibilidade de aprovação de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

Edição: Vinícius Segalla