COMIDA DE VERDADE

Conheça os “ovos da felicidade”: orgânicos e frutos de bem-estar animal

Para produção de ovos ser atestada como orgânica, aves devem ser criadas livres e só comer alimentos orgânicos

Ouça o áudio:

Romeu explica: galinhas devem viver em bem-estar para que ovos sejam considerados orgânicos - Vila Yamaguishi/ Divulgação
Tratar um animal como um ser vivo. Na agricultura convencional isso é totalmente desprezado

“Ovos da felicidade”. É assim que ficou conhecida a produção de ovos orgânicos da Vila Yamaguishi, em Jaguariúna, no interior de São Paulo. Para ter o selo de produto orgânico do Ministério da Agricultura, a produção de ovos deve seguir dois critérios principais: primeiro, na alimentação das aves, que precisa ser totalmente orgânica. Depois vem o bem-estar das galinhas: elas não podem ser presas em gaiolas e devem ter espaço suficiente para exercer comportamentos naturais como ciscar, dormir no poleiro e botar ovos no ninho. 

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Conhecimentos tradicionais

Romeu Leite é médico veterinário e responsável pela produção dos ovos orgânicos na Vila Yamaguishi. Ele explica que são utilizados conhecimentos tradicionais para que a colheita seja feita sem interferências agressivas.

Existem conhecimentos antigos, como você deixar um ovo lá naquele local pra galinha ver que ali já tem ovo, então ela também vai botar lá. São vários conhecimentos que são respeitados dentro da agricultura orgânica e na criação de animais. 

Bem-estar animal

O bem-estar animal não é realidade nas granjas convencionais, que criam galinhas presas em gaiolas. Segundo Romeu, o estresse gerado pelo confinamento traz uma série de impactos negativos.

Tratar um animal como um ser vivo, que sente dor, que sente medo, que tem as suas necessidades básicas, de relacionamento também… E isso, na agricultura convencional, é totalmente desprezado


Galinha em livre criação produz ovos orgânicos no interior de SP / Vila Yamaguishi/ Divulgação

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Estresse e tortura

Romeu explica que, em uma criação de granja, as galinhas ficam estressadas. “Elas se devoram umas às outras.

Para não devorarem umas às outras, eles [os criadores] cortam o bico. Cortando o bico, a galinha não consegue comer alimentos mais grosseiros como capim, verdura, nada disso, então esses minerais, essas vitaminas tem que ser dados de forma sintética, artificialmente, e isso também ajuda a diminuir a resistência do organismo”, esclarece.

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Fragilizadas, essas galinhas recebem antibióticos na alimentação para evitar doenças. Romeu Leite destaca os impactos disso na saúde humana: “é lógico que fica mais caro você ter um espaço maior para criar as galinhas. Mas, em compensação, se você for ver, o que isso economiza em termos de gastos com saúde pública… Porque, tá bom que você chega lá e o ovo está barato no supermercado, só que aquele resíduo de antibiótico que tem no ovo vai criar bactérias resistentes. No fim das contas, se você for ver a conta da farmácia... Acaba ficando mais caro”. 

Bem mais gostosos

Além de justa, a produção orgânica faz ovos mais saborosos, com cheiro suave. A gema é firme, de cor laranja intensa, pela maior concentração de carotenóides, substâncias contidas nos vegetais consumidos pelas galinhas soltas, e que tem ação antioxidante e fortalecedora do sistema imunológico humano.

Edição: Daniel Lamir e Morillo Carvalho