Covid-19

Senadores da CPI convocam Arthur Weintraub para explicar "assessoramento paralelo"

Ex-assessor de Bolsonaro é professor de Direito, mas foi designado para elaborar relatório sobre eficácia da cloroquina

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ex-assessor da Presidência da República, o professor de Direito Previdenciário Arthur Weintraub é, atualmente, representante do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA) - Arquivo pessoal

Após a divulgação de uma série de vídeos em que o então assessor especial da Presidência da República e professor de Direito Previdenciário Arthur Weintraub afirma que recebeu a ordem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de elaborar um relatório sobre a conveniência de se indicar a cloroquina como medicamento para tratar a covid-19, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga as ações do governo durante a pandemia anunciou que irá votar a convocação do ex-assessor para depor na comissão.

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Ainda conforme o próprio Weintraub, no ano passado, ele cumpriu a missão recebida por Bolsonaro, leu uma série de estudos na internet e confirmou: "A cloroquina está funcionando" [no "tratamento precoce" da covid]".

::Bolsonaro pediu a Arthur Weintraub relatório em defesa da cloroquina contra covid::

De posse desta "informação", relata em vídeo o professor de Direito, ele teria enviado, por whatsapp, os estudos a Bolsonaro, que teria decidido retirar os tributos incidentes sobre a cloroquina e a azitromicina. "Vamos jogar isso daí pras pessoas!", teria dito o presidente a Weintraub, segundo seu próprio relato.

Neste domingo (23), o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), responsável por fazer o plano de trabalho da CPI da Pandemia, apresentou um requerimento com o seguinte teor: “Para que seja possível esclarecer a potencial condição de participante ou coordenador de um estrutura extraoficial de assessoramento do Presidente da República no combate à pandemia, faz-se necessária a oitiva do Sr. Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República”.

 

Já o senador Humberto Costa (PT-PE), que também é membro da CPI, informou por meio de suas redes que já protocolou "convocação do ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, para esclarecer a sua atuação na estrutura extraoficial de assessoramento no combate à pandemia. As orientações deste grupo foram contrárias ao consenso técnico global e causaram prováveis prejuízos à saúde pública."

 

Entenda o caso

Uma série de vídeos publicada pelo ex-assessor especial da Presidência da República e atual representante do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arthur Weintraub, mostra que ele recebeu uma incumbência do presidente Jair Bolsonaro, de "estudar a cloroquina" como medicamento para tratar "precocemente" a contaminação por covid-19.

Weintraub é professor de Direito Previdenciário, não tem qualquer formação na área da saúde, medicina ou epidemiologia. Ainda assim, o assessor aceitou a missão e, "depois de ler uns estudos na internet", chegou à conclusão: "A cloroquina tá funcionando!" (para o tratamento da covid). Logo após a "descoberta", Arthur Weintraub "mandou no zap" do presidente da República os estudos e suas conclusões. Após a leitura, Bolsonaro teria dito: "Tô tirando o tributo da cloroquina, da azitromicina, do zinco e da Vitamina D. Vamos jogar isso daí pras pessoas!"

::Contra apelo bolsonarista, 97% dos brasileiros não tomaram cloroquina, diz pesquisa::

Tudo isso foi dito pelo próprio Arthur Weintraub a um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), durante uma live em um canal do parlamentar.

O portal Metrópoles publicou, no último sábado (22), uma reportagem sobre o tema, em que aponta que Weintraub comandou uma espécie de "ministério da Saúde paralelo" que teria municiado Bolsonaro com relatórios e diretrizes para coordenar o enfrentamento da pandemia no Brasil. Veja abaixo o vídeo com essas e outras declarações do advogado que confirmam as informações divulgadas pelo veículo.

 

Edição: Luiza Mançano