GREVE COLÔMBIA

Missão de direitos humanos chega a Bogotá em meio a novas denúncias de violência

Paralisação nacional completa quase 1 mês; são 43 mortos e 120 desaparecidos na Colômbia

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Manifestações iniciaram no dia 28 de abril contra a reforma tributária e permanecem denunciando violência policial - Congreso de los Pueblos

Nesta terça-feira (25), uma missão internacional de solidariedade e direitos humanos, com 21 membros, chegou a Bogotá para verificar as denúncias de violência policial.

No dia 14 de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitou entrada no país para acompanhar os atos, no entanto o pedido foi negado pelo governo colombiano.

O grupo estará no país até a próxima quarta-feira (2) visitando as principais cidades colombianas e acompanhando as convocações de manifestações com o objetivo de elaborar um relatório para a CIDH. 

A paralisação nacional na Colômbia já dura quase um mês, com mais de 2,9 mil denúncias de repressão, incluindo 43 homicídios e 120 manifestantes que permanecem desaparecidos, segundo levantamento de organizações não governamentais. 


Missão internacional é composta de 21 representantes que permanecerão uma semana na Colômbia recolhendo denúncias de violações de direitos humanos / Congreso de los Pueblos

De acordo com denúncias coletadas pela Comissão Intereclesial de Justiça e Paz, o Centro Administrativo Municipal da cidade de Cali foi usado para "operações encobertas". Segundo relatos, manifestantes foram detidos no porão da unidade e depois transladados em carros não oficiais. 

O relatório denuncia a existência de casas para esquartizar corpos e fossas comuns para enterrar pessoas ilegalmente detidas nos atos no estado de Valle del Cauca.

Leia também: Massacres e abusos policiais: quais as origens da violência na Colômbia?

A gestão do ministro de Defesa, Diego Molano será avaliada pelo Congresso, depois que a bancada de oposição protocolou duas moções de censura, que poderiam implicar na sua destituição do cargo.

"Diego Molano é um dos maiores responsáveis políticos da cadeia sistemática de lesa humanidade perpetrada pela Força Pública na Colômbia", defendeu o senador do Polo Democrático, Iván Cepeda, durante sessão do Congresso. 

Os movimentos sociais também exigem que Molano se retrate publicamente pela repressão contra civis. 


Diego Molano, ministro da Defesa, comparece ao congresso em uma sessão que irá avaliar sua responsabilidade sobre as denúncias de violência policial durante paralisação nacional / Prensa Latina

O governo possui maioria do Legislativo, no entanto se os congressistas colombianos concluírem que Molano é responsável pelos casos de violência contra civis, ele poderá ser o terceiro ministro a cair desde o início das manifestações. 

Rodada de diálogo

Também nesta terça-feira acontece uma nova rodada de diálogo entre representantes do governo Duque e do Comitê Nacional de Paralisação, que reúne os maiores movimentos sociais e centrais sindicais do país. 

Na última segunda-feira, a comissão de paz elaborou uma primeira proposta de documento com pré-acordos para o diálogo. Para representantes do comitê, o governo tenta aumentar os tempos da negociação pra desgastar os grevistas. 

Depois de vencer os projetos de refoma tributária e de saúde, a principal reivindicação popular é a retirada do Esquadrão Móvil Antidistúrbios (Esmad) - espécie de BOPE colombiano - das ruas, assim como a desmilitarização das cidades que são foco de resistência. 

Os manifestantes exigem também que o Ministério Público crie uma unidade autônoma para investigar as denúncias de brutalidade policial e que trabalhe com organismos multilaterais independentes. 

Edição: Rebeca Cavalcante