Exemplo

Últimas da vacina: CoronaVac diminuiu em 95% o número de óbitos em Serrana (SP)

Imunizante foi aplicado em 27.160 mil habitantes do município com mais de 18 anos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Atualmente, apenas pouco mais de 10% de toda a população recebeu as duas doses de vacina - Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini

A aplicação da CoronaVac, vacina do Instituto Butantan, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, em toda a população de Serrana, no interior de São Paulo, diminuiu em 95% a quantidade de óbitos na região, em 80% os casos sintomáticos e em 85% as internações. Em números absolutos, a quantidade de casos saiu de 699 em março para 251 em abril; e de óbitos, de 20 para 6, no mesmo período.

Ainda de acordo com a pesquisa, o controle da pandemia no município foi possível somente quando 75% elegível estava vacinada, indicando que este é o mesmo percentual que o Brasil precisa vacinar para conter o avanço do novo coronavírus. Atualmente, apenas pouco mais de 10% de toda a população recebeu as duas doses de vacina.

No total, a pesquisa, que será divulgada oficialmente nesta segunda-feira (31), acompanhou 27.160 mil habitantes acima de 18 anos que receberam as duas doses da CoronaVac.

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OMS analisa CoronaVac

O laboratório Sinovac enviou os dados para a solicitação de uso emergencial da CoronaVac à Organização Mundial da Saúde (OMS), que deve emitir um parecer se recomenda ou não o imunizante até a próxima quarta-feira (2). 

O parecer da OMS é decisivo para alguns países que não têm agências reguladoras, como a Anvisa, e precisam da recomendação da OMS para aplicar certos imunizantes. Se recomendada pela organização, a CoronaVac passará a integrar o consórcio Covax Facility, que distribui imunizantes aos países mais pobres. 

Até o momento, a OMS já autorizou o uso emergencial dos seguintes imunizantes: Pfizer/BioNTech; Johnson & Johnson; Oxford/Astrazeneca; Moderna; e Sinopharm. 

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Vacinação liberada?

O Ministério da Saúde anunciou o início da imunização da população entre 18 e 59 anos, em ordem decrescente de idade. A vacinação, no entanto, irá avançar paralelamente na medida em que os grupos prioritários forem totalmente vacinados, como pessoas com comorbidades e profissionais da educação.

"De maneira concomitante, será iniciada a vacinação da população geral (18 a 59 anos), de maneira escalonada e por faixas etárias decrescentes, até o atendimento total da população brasileira acima de 18 anos", informou o Ministério em nota técnica, divulgada na última sexta-feira (28).

"Portanto, deve-se manter a vacinação dos grupos prioritários, conforme previsto no PNI, e Estados e Municípios que não apresentam demanda ou tenham demanda diminuída para vacinação dos grupos com maior vulnerabilidade e trabalhadores de educação, poderão pactuar em Comissão Intergestores Biparte a adoção imediata da estratégia de vacinação segundo a faixa etária em ordem decrescente de idade garantindo o percentual para continuidade da vacinação dos demais grupos prioritários."

Combinação entre AstraZeneca e Clover

O Brasil sediará o estudo que irá analisar a eficácia da combinação entre os imunizantes produzidos pela Universidade de Oxford e o laboratório britânico AstraZeneca e pela farmacêutica chinesa Sichuan Clover Biopharmaceuticals.

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O estudo, que pretende recrutar cerca de 600 pessoas nas fases 1 e 2 dos testes clínicos, deve começar em julho e em regiões que já possuem estrutura para trabalhar com tecnologia de vetor viral.

Na primeira fase, os voluntários irão receber uma dose da AstraZeneca e, depois de um mês, a segunda dose da Clover. Esta última terá concentrações diferentes para três grupos de voluntários. A concentração que apresentar maior eficácia seguirá para a segunda fase.

Diferente de outros estudos, este não irá comparar o resultado entre aqueles que receberam o imunizante e outros que receberam um placebo, mas em relação aos que completaram o esquema vacinal com duas doses da AstraZeneca.

Segundo a pesquisadora Sue Ann Clemens, que coordena o projeto, a combinação dos imunizantes em animais apresentou um aumento considerável de resposta imune. “Os dados dos estudos pré-clínicos quando você mistura as plataformas foram tão mais elevados do que os dados de quando foram utilizadas duas doses da mesma plataforma que deixou todo mundo muito animado. Agora precisamos confirmar esse resultado na fase clínica”, afirmou Clemens à Veja.

Caso o estudo dê respostas positivas, será “o melhor dos mundos”, em um cenário de escassez de doses. “Isso dar certo seria o melhor dos mundos, na situação que a gente vive porque você consegue atingir um número maior de pessoas, com menos doses. Além disso, você potencializa uma vacina que já tem uma eficácia muito boa.”

A pesquisa é uma iniciativa da Universidade de Oxford em parceria com a Clover, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, com o apoio da Coalizão para Promoção de Inovações em Prol da Preparação para Epidemias e do governo chinês. O estudo está previsto para começar em julho.

Mulher morre após recusar vacina

Uma mulher de 77 anos morreu de covid-19 após assinar um termo de recusa de imunizante contra a doença, em Esperança do Sul, no Rio Grande do Sul. Em uma publicação no Facebook, a Prefeitura afirmou que, por ser opcional, todos aqueles que recusarem a vacinação devem assinar um termo de recusa.

“Sabe-se que hoje as vacinas existentes não protegem 100% a pessoa imunizada de se contaminar, porém previnem que a doença evolua para os casos mais graves, que exigem internações e podem levar ao óbito”, destaca a Prefeitura na publicação. No município, que tem 2.885 habitantes, menos de 50 pessoas se recusaram a receber a vacina.

Vacinação e pandemia no Brasil 

Até às 20h deste domingo (30), 22.063.266 pessoas receberam a segunda dose de imunizante, o que representa 10,42% da população do país, em cinco meses de vacinação. Já a primeira dose foi aplicada em 45.233.638 pessoas, 21,36% da população, segundo o consórcio de veículos de imprensa.

Paralelamente, até às 18h de domingo, o Brasil registrou 874 óbitos por covid-19, nas últimas 24 horas, totalizando 461.931 mortos desde o início da pandemia, em março de 2020. A quantidade, no entanto, deve ser maior do que a registrada, uma vez que aos fins de semana os laboratórios trabalham em regime de plantão. Quanto ao número de casos, foram registrados 43.520 no mesmo período, somando 16.515.120 pessoas já infectadas pelo novo coronavírus, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Edição: Vivian Virissimo