"Hora de ir embora"

Prioridade do Brasil é tirar Bolsonaro nas eleições de 2022, diz The Economist

Capa da publicação britânica mostra um Cristo Redentor usando uma máscara de oxigênio e traz sete reportagens

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Capa da revista The Economist em 2009: "O Brasil decola"; em 2021: "A década sombria do Brasil" - Reprodução

A revista britânica The Economist destacou a atual situação do Brasil na capa de sua edição desta quinta-feira (3), onde apresenta uma análise sobre a situação do país em sete reportagens especiais.

A capa da revista mostra o Cristo Redentor usando uma máscara de oxigênio. De acordo com a publicação, é preciso que o país consiga se livrar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas próximas eleições.

“Será difícil mudar o curso do Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. A prioridade mais urgente é votar para retirá-lo do poder”, diz a revista no artigo Hora de ir embora, que conclui a publicação.

“Políticos precisam enfrentar as reformas econômicas atrasadas. Os tribunais devem reprimir a corrupção. E empresários, Organizações Não Governamentais (ONGs) e brasileiros comuns devem protestar em favor da Amazônia e da constituição”, afirma a publicação.

Ao falar sobre as eleições de 2022, a revista diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o único que aparece como possível vencedor em um segundo turno nas pesquisas.

“Mas, à medida que a vacinação e a economia se recuperam, o presidente pode recuperar terreno. Lula deve mostrar como a forma de [Bolsonaro] lidar com a pandemia custou vidas e meios de subsistência, e como ele governou para sua família, não pelo Brasil. O ex-presidente deve oferecer soluções, não saudades”, avalia o texto.

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De acordo com a revista, Bolsonaro não chegou a dar um golpe de Estado, como algumas pessoas temiam. Porém, a publicação ressalta que o presidente agride as instituições democráticas do Brasil e tem instintos autoritários. Como exemplo, a revista lembra que Bolsonaro encerrou a Lava Jato depois de acusações feitas contra seus filhos.

“Embora Bolsonaro diga que seria fácil realizar um golpe, ele não o fez. Seus primeiros 29 meses no cargo mostraram que as instituições do Brasil não são tão fortes quanto se pensava e se enfraqueceram sob suas agressões”, afirma.

Mesmo afirmando que o país já enfrentava "uma década de desastres", a publicação aponta que Bolsonaro e a pandemia de coronavírus só pioraram a situação. "Com Bolsonaro como médico, o Brasil agora está em coma", constata.

“O número de mortos no Brasil por covid-19 é um dos piores do mundo. O presidente, Jair Bolsonaro brinca que as vacinas podem transformar as pessoas em jacarés”, diz a publicação.

A The Economist é publicada desde 1.843 e é prestigiada por empresários e políticos de todo o mundo. Quando faz seus relatórios sobre o Brasil, ela costuma usar a imagem do Cristo Redentor como uma analogia para a situação do país. Em 2009, por exemplo, a capa da publicação mostrava o Cristo decolando como um foguete para elogiar as políticas econômicas que estavam sendo tomadas na época. 


Capas da revista The Economist. Em 2009: "O Brasil decola"; em 2013: "O Brasil estragou tudo?; em 2021: "A década sombria do Brasil" / Reprodução / The Economist

No entanto, em 2013, o Cristo apareceu para criticar a mudança de rumo das políticas econômicas. Então, ele estava como um foguete sem controle. Este ano, a imagem aparece, de maneira simbólica, sem conseguir respirar sem a ajuda de um aparelho.

Edição: Leandro Melito