tragédia sanitária

Brasil supera 490 mil vítimas da covid e lidera ranking mundial de mortes em 2021

Baixa taxa de isolamento no país levará ao agravamento da pandemia nas próximas semanas, alertam especialistas

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Protestos e clamor por vacina se espalham pelas cidades brasileiras - Divulgação

O Brasil registrou nesta terça-feira (15) mais 2.468 mortes por covid-19 em um período de 24 horas, somando 490.696 vítimas da infecção respiratória desde a chegada do novo coronavírus ao país, em março do ano passado. A média de mortes se mantém elevada, próxima a 2.000 por dia. O Brasil é o país em que mais gente morreu por covid em 2021: cerca de 295 mil óbitos. Com taxa de mortalidade 4,4 vezes superior à média mundial, é também o segundo país em número absoluto de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos.

Enquanto aumenta no mundo o número de países que já reduzem os casos e as mortes, com o avanço da vacinação, o Brasil segue o caminho oposto. O processo segue lento, com pouco mais de 78 milhões de doses aplicadas e apenas pouco mais 11% da população totalmente imunizada. Os Estados Unidos, por exemplo, já relatam 310 milhões de doses ministradas.

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Um das consequências da demora na imunização é a crescente ameaça de uma terceira onda de contágios e mortes por covid no Brasil. Segundo infectologistas, o cenário para as próximas semanas é preocupante. 


Os números da pandemia no Brasil em 15 de junho de 2021 / Conass

Terceira onda

Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atestam que o contágio está acelerado em praticamente todo o país. Os resultados do período de 24 horas divulgados hoje mostram que 80.609 novos casos foram notificados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Um número superior que a média móvel calculada nos últimos sete dias, que está em 70.870. O índice registrou um grande salto nos últimos dias, indo de 57 mil novos casos em 9 de junho para os quase 71 mil novos casos a cada dia atualmente.

“O estudo sinaliza que o cenário atual está associado à retomada das atividades de maneira precoce. Tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, com tendência de agravamento nas próximas semanas”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe da Fiocruz.

O médico do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP Marcio Bittencourt reafirma a tendência. “Estamos com uma transmissão comunitária do coronavírus extremamente alta e em patamares fora do controle. Para completar, temos cada vez menos intervenções para controlar isso. Diante disso, não tem como a perspectiva ser positiva”, disse, em entrevista a um órgão de imprensa britânico