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Últimas notícias da vacina: CoronaVac é o imunizante que mais evitou mortes

Estudo é do ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, epidemiologista Wanderson de Oliveira

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira brasileira a ser vacinada no Brasil, em 17 de janeiro deste ano, com o imunizante CoronaVac - Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

A CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, é a vacina que mais evitou mortes devido à covid-19 no Brasil, segundo um estudo produzido pelo epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

De acordo com o estudo, o imunizante preveniu 97% das mortes de pessoas contaminadas. A pesquisa foi realizada com base nos dados do OpenDataSus, sistema oficial do Ministério da Saúde, e analisou o período de duas semanas após a aplicação da segunda dose do imunizante. 

O estudo também concluiu que a CoronaVac teve 50,4% de eficácia para casos muito leves, que não demandam atendimento médico, e 77,96% para casos leves, e que demandam atendimento médico. 

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A eficiência da CoronaVac foi maior do que outros imunizantes analisados no estudo: Astrazeneca (90%), Janssen (85%), Sputnik V (85%) e Pfizer (80%).

CoronaVac pode ser aplicada em crianças 

Um outro estudo do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China, publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases, nesta segunda-feira (28), mostrou que a CoronaVac pode ser aplicada em crianças e adolescentes de três a 17 anos. 

Atualmente, no país asiático, as fases 1 e 2 dos estudos clínicos do imunizante na determinada população já foram realizadas, quando 550 crianças e adolescentes participaram do processo. Agora, a fase 3 está em andamento. Com isso, a China pode ser o primeiro país do mundo a vacinar crianças com três anos ou mais. 

Os estudos mostraram até aqui que a vacina induziu a produção de anticorpos em 96% dos participantes 28 dias após a aplicação da segunda dose. 

Terceira dose da AstraZeneca aumenta proteção 

A aplicação de uma terceira dose da vacina produzida pelo laboratório britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, aumenta a resposta imunológica contra o novo coronavírus. A informação foi apontada por um estudo da própria universidade, divulgado nesta segunda-feira (28), que também mostrou uma resposta imunológica maior quando o intervalo entre as duas doses é superior ao padrão de 12 semanas. 

Segundo a pesquisa, a aplicação do reforço seis meses após a segunda dose aumentou a resposta imune em até seis vezes. A terceira dose, no entanto, não tem sido recomendada, diante do cenário de escassez de imunizantes contra a covid-19 no mundo, e uma vez que duas doses já são suficientes para garantir uma proteção adequada.

Teresa Lambe, professora associada de Oxford, destacou à Agência Reuters que os dados ajudam a elucidar algumas questões referentes à aplicação do reforço, mas não para a sua necessidade. 

"Houve algumas dúvidas se poderíamos usar a vacina em uma campanha de reforço, e certamente não é isso que os dados estão apontando. (...) Os dados da efetividade no mundo real mostram que essas vacinas têm um grande impacto contra a hospitalização. E há tantos países ao redor do mundo que ainda não aplicaram uma dose, então, no momento, acho que essas doses deveriam ir para esses países. Esse cenário pode mudar como vimos no inverno e talvez possamos ver que a eficácia desta vacina precisa de um impulso, mas no momento eu não acho que estamos vendo essa evidência”, afirmou a pesquisadora.

O estudo mostrou, inclusive, que a terceira dose aumentou a eficácia contra as principais variantes do novo coronavírus: alfa (inglesa), beta (sul-africana) e delta (indiana).

Rio autoriza combinação de vacinas em grávidas

A Prefeitura do Rio autorizou a aplicação da segunda dose com a vacina do laboratório estadunidense Pfizer, produzida em parceria com a farmacêutica alemã BioNTech, em gestantes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca, fabricada com a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade de Oxford no Brasil. Assim, o Rio se torna a primeira capital brasileira a adotar a combinação de vacinas. 

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A decisão, que foi baseada em estudos internacionais com resultados favoráveis à combinação, citados pelo Comitê Científico da Prefeitura, foi anunciada nesta terça-feira (29) pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, nas redes sociais.

“Seguindo a recomendação do nosso comitê, as gestantes que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca poderão, mediante avaliação dos riscos e benefícios com seus médicos, realizar a segunda dose com a vacina da Pfizer 12 semanas após a primeira dose”, escreveu.

Vale destacar, portanto, que cada gestante deverá buscar seu obstetra para avaliar a combinação e, assim, solicitar um atestado médico para receber a segunda dose. 

Em maio deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão do uso do imunizante da AstraZeneca. A recomendação ocorreu paralelamente ao registro de trombose em uma gestante que veio a óbito, depois de tomar a vacina da AstraZeneca, no Rio de Janeiro. 

Na nota técnica que recomendou a suspensão, a Anvisa afirma que a orientação “é resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas covid em uso no país”, mas não cita o óbito da gestante do Rio de Janeiro. 

Pandemia e vacinação no Brasil

Os brasileiros que completaram o esquema vacinal, seja ao tomar as doses ou a dose única contra a covid-19, são 12,09% da população do país. No total, 25.344.765 pessoas já tomaram uma segunda dose e 247.506 a dose única do imunizante do laboratório Janssen, do grupo Johnson & Johnson. 

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Já a primeira dose foi aplicada em 71.369.215 pessoas, somando 33,70% da população. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa e foram contabilizados até às 20h desta segunda-feira (28).

Paralelamente, em parte devido ao ritmo lento de vacinação no Brasil, os números das médias móveis – calculado com base na média dos últimos dias – de óbitos e casos confirmados vêm caindo nos últimos dias, mas continuam elevados. 

A atual média móvel do número de casos de 68.796 só foi ultrapassada a partir de março deste ano. Isso significa que nem mesmo quando a pandemia chegou ao Brasil, no momento em que foram estabelecidas as medidas de segurança mais rígidas, houve uma média móvel de casos tão alta como agora. 

O mesmo cenário se repete em relação à média móvel da quantidade de óbitos, que atualmente é de 1.644. O Brasil ficou acima dessa média móvel somente a partir do dia 11 de março. 

Até às 18h desta segunda-feira (29), foram contabilizados 618 mortes por covid-19, nas últimas 24 horas, somando 514.092 desde o início da pandemia, em março de 2020. No mesmo período, foram registrados 27.804 casos, totalizando 18.448.402 infectados, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Edição: Vivian Virissimo