Fecha o cerco

Oposição e ex-aliados de Bolsonaro protocolam superpedido de impeachment em Brasília

Diversas correntes e partidos se uniram em pedido que agrega 23 tipos penais que teriam sido cometidos pelo presidente

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Entrega do superpedido de impeachment foi acompanhada por manifestações em Brasília - Paulo Motoryn

Deputados, líderes de partidos políticos e integrantes de movimentos e organizações sociais protocolaram, nesta quarta-feira (30), na Câmara dos Deputados, um superpedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

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O ato simbólico de entrega do documento no setor de protocolo da Câmara foi cancelado devido à pandemia do novo coronavirus. Dezenas de lideranças, no entanto, fizeram discursos no salão negro da Câmara dos deputados para anunciar ação.

"Esse é um dia histórico, que marca a ascenção da luta política e jurídica da libertação do país de um presidente criminoso", discursou Gleisi Hoffmann (PT-PR). "Esse governo está apodrecido e carcomido pelo ódio e pela mentira. Por isso esse é um marco importante, um resgate importante pra que a gente traga de novo o Brasil ao povo brasileiro".

Durante a entrega do documentou, Molon ressaltou a unidade em torno de pedido, que agrega 23 tipos penais que teriam sido cometidos pelo presidente.

"Aqui há parlamentares e cidadãos de centro, de esquerda e de direita. Estamos todos unidos, porque o país não suporta mais ver o presidente da República cometer deliberadamente crimes e o Congresso Nacional não fazer o que lhe cabe, que é aplicar a Constituição e afastar o presidente da República"

Entre os congressistas presentes, estavam representantes de partidos de direita, ex-aliados de Bolsonaro como Joice Hasselmann (PSL-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). 

"Nós temos hoje, o pior presidente da história da República. Nós temos hoje o homem que atacou todas as instituições, alguém que conseguiu desmoralizar até mesmo o Exército brasileiro", discursou Hasselmann.


Dezenas de lideranças fizeram discursos no salão negro da Câmara dos deputados para anunciar ação / Paulo Motoryn

Denúncias de corrupção fecham o cerco ao presidente

Nos bastidores da política brasileira, não há dúvida sobre o clima de rejeição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Quando acabou o depoimento dos irmãos Miranda, na última sexta-feira (25), na CPI da Pandemia, movimentos, partidos e sindicatos passaram a ser pressionados pela imediata saída do presidente.

A denúncia feita pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor público do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, de que o presidente sabia das irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, provocou uma hecatombe em Brasília e foi o motor propulsor para o superpedido de impeachment de Bolsonaro, que será protocolado nesta quarta-feira (30), em Brasília, às 17h. 


Manifestantes pedem saída de Bolsonaro nesta quarta (30) em Brasília; superpedido de impeachment foi protocolado na Câmara| / Paulo Motoryn

Na véspera da entrega do  documento, uma nova denúncia envolvendo a compra de vacinas atingiu o governo Bolsonaro. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, representante de uma empresa responsável pela negociação da AstraZeneca no Brasil, afirmou que o Ministério da Saúde exigiu proprina para a compra da vacina.

"É o momento de aproveitar essa mobilização que está acontecendo no país inteiro pra fortalecer a CPI, que tem dado um bom processo de investigação ao povo brasileiro, tem acompanhado no detalhe essa situação da pandemia e revelado coisas extremamente perigosas, como foi essa operação da úlitma compra da vacina Covaxin", ressalta João Paulo Rodrigeus, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Frente Brasil Popular.

Edição: Leandro Melito