Pandemia

Brasil registra 1.780 mortes por covid em 24h; estudo reafirma necessidade do uso de máscaras

Embora a média de mortes e casos no Brasil siga elevada, é notável uma tendência de recuo na pandemia

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Além da imunidade de rebanho por meio da vacina, que vem a partir de 75% da população vacinada, as medidas não farmacológicas são necessárias para controle do vírus - Foto: Thiara Montefusco /Gov. do Ceará

O Brasil registrou 1.780 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, em março de 2020, os registros oficiais apontam para 526.892 vítimas.

Trata-se do segundo país com maior número de mortes do mundo para o vírus, sendo que em 2021, lidera o ranking. Em comparação com a média global, o coronavírus é 4,4 vezes mais letal no Brasil.

O grande número de mortes é relacionado com a má gestão da pandemia no país. Desde o início do surto, não foram estabelecidas diretrizes nacionais para conter a covid-19, bem como proteger a população.

Países que conseguiram controlar o surto adotaram medidas conhecidas e cobradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre elas, isolamento social, testagem em massa, rastreio de contágio e uso de máscaras.Ao contrário, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro segue na contramão. Enquanto eclodem escândalos de corrupção envolvendo seu governo e a compra de vacinas, Bolsonaro segue em sua aposta no negacionismo.

Ataca vacinas e uso de máscara com desinformação, promove e estimula aglomerações, além do histórico de possível prevaricação na aquisição de vacinas; outro escândalo sob investigação na CPI da Covid.

Queda

Embora a média de mortes e casos no Brasil siga elevada, é notável uma tendência de recuo na pandemia. Especialistas apontam para bons resultados envolvendo o avanço da vacinação. Nas últimas 24 horas, foram registrados 62.504 casos, totalizando 18.855.015 desde o início da pandemia.As médias diárias, calculadas em sete dias, estão em clara tendência de queda. Novos casos estão em 48.816, média mais baixa desde o dia 23 de fevereiro. Já as mortes, 1.558, têm número similar aos registrados no início de março, quando a segunda onda começava a alavancar as mortes rumo ao período mais letal da pandemia no país, entre o fim de março e início de maio.

Máscaras

Bolsonaro nega a ciência e divulga mentiras sobre a covid-19 desde o início da pandemia. Assim foi com a importância das máscaras. Ele mesmo raramente as usa. “Faço o que eu quero”, chegou a dizer, questionado por uma repórter no último mês. O presidente pediu para que seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, editasse um decreto para desobrigar o uso de máscaras. Entretanto, a realidade é oposta ao que prega e pratica o presidente.

Mesmo em período de recuo da pandemia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça a necessidade do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social. Para controle da pandemia, além da imunidade de rebanho por meio da vacina, que vem a partir de 75% da população vacinada, as medidas não farmacológicas são necessárias para controle do vírus, argumenta a entidade.

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Estudo da entidade divulgado hoje (6) e publicado na plataforma científica Medrxiv atesta a eficácia das máscaras para auxiliar no controle do vírus.

“Analisamos máscaras usadas pelos pacientes por duas a três horas, nas condições da vida real. Em todos os casos, a camada externa foi negativa para o Sars-CoV-2, indicando bloqueio da passagem do vírus”, analisa o doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e primeiro autor do artigo, Vinicius Mello.

Máscaras caseiras

A Fiocruz notou serem eficientes tanto as máscaras caseiras como as cirúrgicas e até mesmo o modelo PFF2, tido como o mais recomendado para bloquear o vírus.

“O resultado foi verificado tanto nas máscaras cirúrgicas como nos modelos de pano com duas ou três camadas (…) Ao todo, a pesquisa analisou 45 máscaras, usadas por 28 pacientes com infecção confirmada pelo Sars-CoV-2. Entre estas, 30 eram compostas de tecido, com duas ou três camadas, e 15, cirúrgicas. Os testes apontaram a presença do vírus apenas na camada interna das máscaras, com carga viral reduzida em relação à identificada na nasofaringe”, completa.

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O coordenador da Plataforma de Nível de Biossegurança 3 do IOC e um dos coordenadores do estudo, Marco Horta, argumenta que existem aquelas mais eficientes. Entretanto, levando em conta a realidade socioeconômica brasileira, as máscaras são indicadas de forma geral.

“As máscaras de pano têm menor capacidade de filtragem e não têm a certificação das máscaras cirúrgicas. Mas em países como o Brasil, onde muitas pessoas não têm condições de comprar máscaras, é importante observar o potencial desses acessórios”, afirma.