Crise

Após assassinato de presidente, Haiti pede ajuda militar dos EUA e da ONU

Governo estadunidense confirmou envio de agentes do FBI para ajudar nas investigações; Jovenel Moïse foi morto em casa

|
Pedido aponta ajuda para proteger locais estratégicos, como portos e aeroportos haitianos - Tereza Sobreira/ Fotos Públicas

O governo interino do Haiti pediu nesta sexta-feira (09/07) o envio de tropas dos Estados Unidos e da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger locais estratégicos, como portos e aeroportos, após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, ocorrido na madrugada da última quarta-feira (07/07). 

"Acreditamos que os mercenários possam destruir algumas infraestruturas para criar o caos. Fizemos esse pedido durante uma conversa com o secretário de Estado norte-americano [Antony Blinken] e com a ONU", disse à agência AFP o ministro de Assuntos Eleitorais do Haiti, Mathias Pierre. 

A polícia diz que o comando que assassinou Moise era formado por 26 colombianos e dois norte-americanos de origem haitiana - 17 foram presos, três morreram em confrontos com as forças de segurança e oito estão foragidos -, mas ainda não se sabe quem foi o mandante do homicídio. 

O governo dos EUA já confirmou o envio de agentes do FBI para ajudar nas investigações, mas não falou em mandar militares para o Haiti. A ONU também não respondeu publicamente à solicitação, mas o envio de "capacetes azuis" dependeria de um aval do Conselho de Segurança. 

O Ministério Público já indicou a intenção de convocar para depoimentos diversos empreendedores e políticos, como os empresários Reginald Boulos, Dimitri Vorbe e Jean-Marie Vorbe, o ex-senador Steven Benoît e o ex-líder do partido de direita Haiti em Ação Youri Latortue. 

Assassinato do presidente do Haiti 

O presidente Jovenel Moïse foi assassinado dentro da própria casa na madrugada desta quarta-feira (07/07). A informação foi transmitida pelo premiê e confirmada por agências de notícias. 

O ataque, por volta da 1h local (2h em Brasília), foi feito por um grupo ainda não identificado, mas alguns dos envolvidos estariam falando em espanhol. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph, também foi baleada. Inicialmente, a informação era de que Martine havia morrido, mas a imprensa haitiana disse que ela está viva e fora do país para tratamento.

Joseph repudiou o “ato odioso, inumano e bárbaro” e pediu calma. “Todas as medidas para garantir a continuidade do Estado e proteger a Nação foram tomadas. A democracia e a República vão vencer.”

Autoridades do país disseram ter frustrado uma “tentativa de golpe” de Estado contra o presidente, que teria sido alvo de um atentado mal sucedido em fevereiro. Mais de 20 pessoas foram presas na ocasião, inclusive um juiz federal do Tribunal de Cassação e uma inspetora geral da Polícia Nacional.