ATENTADO

Haiti: surgem denúncias de relação da Colômbia e oposição venezuelana com assassinato de Moise

Empresa que contratou mercenários para atentado do presidente haitiano era de opositor venezuelano

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Presidente do Haiti foi assassinado, na quarta-feira (7), em um atentando com paramilitares haitianos-estadunidenses e colombianos - Telesur

Nesta semana, começaram a surgir novas investigações do assassinato do presidente Jovenel Moise que vinculam o caso com pessoas venezuelanas e o governo colombiano.

A esposa de um dos paramilitares colombianos detidos no Haiti, Francisco Eladio Uribe, revelou que ele havia sido contratado pela empresa de segurança privada CTU Security.

A CTU é de Antonio Intriago, venezuelano residente do estado de Florida, Estados Unidos, tesoureiro do movimento opositor "Venezuela Somos Todos". Além de contratar os paramilitares colombianos envolvidos no assassinato de Moise, a CTU foi responsável pela segurança do evento Venezuela Live Aid, em fevereiro de 2019, na cidade colombiana de Cúcuta, quando a oposição venezuelana tentou enviar à força caminhões com suposta ajuda humanitária para o território venezuelano. O governo venezuelano declarou que a CTU Security também havia sido contactada para contratar paramilitares para a Operação Gedeón, a tentativa de invasão da Venezuela, no dia 5 de maio de 2020.

Antonio Intriago possui fotos em redes sociais com o presidente da Colômbia Iván Duque. Meios de comunicação colombianos denunciaram que o chefe de Estado e Intriago teriam se reunido em Miami, por conta de uma foto de 10 de fevereiro de 2018, em um evento público nos Estados Unidos. A assessoria da presidência negou que haja acontecido uma reunião.


Presidente da Colômbia Iván Duque encontrou-se com Antonio Intrigo, venezuelano dono da empresa que contratou paramilitares colombianos, em um evento nos Estados Unidos em 2018 / Reprodução

Outra questão, que permanece sem resposta do governo colombiano, é o fato de que Francisco Eladio Uribe está sendo investigado pela Justiça Especial para Paz (JEP) por participar de casos de falsos positivos em 2008, portanto não poderia sair do país.

Já o chefe do grupo dos paramilitares que atuaram no Haiti foi um dos dez mortos pela Polícia Nacional.

 

Intriago, contratante dos mercenários, também foi sócio de Alfred Santamaria, empresário colombiano-estadunidense, amigo do ex-deputado Juan Guaidó, e quem também apareceu em reuniões sociais com o presidente Duque e ex-senador Alvaro Uribe Vélez.

Autoridades haitianas denunciaram que alguns dos 26 paramilitares colombianos envolvidos no atentado contra Moise fugiram para a República Dominicana.

Alguns inclusive publicaram fotos em redes sociais em lugares turísticos do país vizinho, mas o presidente dominicano Luis Abinader afirmou não ter informações sobre o caso e não ter recebido um pedido de cooperação do governo haitiano.

Edição: Leandro Melito