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Opinião

Artigo | Dignidades ultrajadas

Submeter os corpos ao ritmo frenético da linha de montagem é uma característica da exploração do trabalho

21.jul.2021 às 17h25
Porto Alegre
Amarildo Cenci

Ato aconteceu em frente à fábrica de calçados, na manhã desta segunda-feira (28) - CUT- RS/ Divulgação

Em dezembro de 1955, a costureira Rosa Parks e mais três colegas de trabalho embarcaram no ônibus em Montgomery e decidiram ocupar os assentos reservados aos brancos. O motorista e alguns passageiros brancos sentiram-se afrontados e exigiram que fossem para o final do corredor.

Rosa Parks resistiu e foi encarcerada. Vigorava nos Estados Unidos uma legislação que segregava os negros em espaços públicos e privados. A atitude desta costureira deflagrou um boicote às empresas de transporte do Alabama tão vigoroso que incendiou a luta antirracista nos EUA, que custou a vida do líder pacifista Martin Luther King.

Dias atrás, uma jovem grávida de 19 anos, trabalhadora em uma empresa de calçados de Novo Hamburgo, após sucessivos pedidos negados para ir ao banheiro, acabou fazendo xixi em seu posto de trabalho. Dispensada do serviço, sentindo-se constrangida e temendo perder o emprego, com lágrimas nos olhos percorreu a pé alguns quilômetros até chegar em sua casa.

Assim como Rosa Parks, a sapateira do Vale dos Sinos decidiu romper com o silêncio e a naturalização da injustiça. Denunciou a empresa e encontrou amparo na solidariedade dos seus colegas de trabalho, no sindicato, no Ministério Público e nos meios de comunicação, que horrorizados deram manchete ao caso.

O caso da trabalhadora expôs uma das práticas que mais fere a dignidade humana em boa parte das indústrias de calçados. Sua coragem foi o ponto de partida para a ação do movimento sindical, que mobilizou, negociou e assinou um acordo coletivo que assegura o livre acesso ao uso dos banheiros da empresa. A expectativa é que esse instrumento sirva de parâmetro para que outras empresas adotem procedimentos semelhantes para humanizar as gestões.

Submeter os corpos ao ritmo frenético da linha de montagem é uma característica da exploração do trabalho, brilhantemente denunciada por Charles Chaplin no clássico filme “Tempos Modernos”. O que nos revolta é que, apesar de três séculos de grandes descobertas científicas, avanços tecnológicos e ganhos de produtividade, as relações de trabalho retrocedem à fase do capitalismo primitivo.

Constantemente os trabalhadores procuram a justiça e suas entidades de classe para denunciar abusos. Empresas de bilionários famosos, como a Amazon, são acusadas internacionalmente por estabelecer práticas laborais desumanizadas.

A Arcos Dorados, maior franquia independente do McDonald´s, é investigada pelo Ministério Público por centenas de denúncias de assédio moral, sexual e maus tratos de seus funcionários. Recentemente, o TRT-RS condenou a Dell Computadores do Brasil por práticas gerenciais que violam os direitos humanos, tais como metas excessivas, exposição de desempenho “negativo” de seus funcionários, atribuição de apelidos e restrições exageradas para uso do banheiro.

Além de violações dos direitos humanos no trabalho, algumas empresas são condescendentes com crimes de racismo. Ano passado, o país foi sacudido pelo assassinato do homem negro Beto Freitas na entrada do Carrefour, em Porto Alegre, por seguranças contratados pela empresa.

Dias atrás, os seguranças da unidade da BRF, em Chapecó, foram flagrados imobilizando e, com o joelho nas costas, sufocavam um trabalhador haitiano que ousou contestar e negou-se a assinar uma advertência por falta ao trabalho. 

Na realidade, desde os tempos da colonização, as relações de trabalho no nosso país nunca alcançaram um patamar decente, civilizado e democrático. O que se nota é o crescimento de comportamentos gerenciais autoritários, ameaçadores, ultrajantes e ilícitos, comprovando que quando temos um governante, que trata o contraditório com grosserias e gritos de “cale a boca”, passa a incentivar os que detém algum poder a fazer o mesmo.

O que nos deixa esperançosos é que a história demonstra que a resistência de pessoas como Rosa Parks e a sapateira de Novo Hamburgo contagia os homens e as mulheres que são contra a barbárie e lutam para que o trabalho seja fonte de dignidade e realização humana.

*Amarildo Cenci é presidente da CUT-RS

**Artigo publicado originalmente no site da CUT-RS

***Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Marcelo Ferreira
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