REFORMA AGRÁRIA

PE: MST doa 13 toneladas de alimentos em protesto à postagem do governo no Dia do Agricultor

Post nas redes do governo incentivava o armamento; Brasil é o país mais letal para militantes do campo, segundo estudo

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Os alimentos serão destinados à Rede de Bancos Populares de Alimentos da Campanha Mãos Solidárias - Olívia Godoy

Na última quarta-feira (28), uma publicação nas redes sociais do governo federal marcou o Dia dos Agricultores e das Agricultoras e gerou indignação. A postagem fazia referência à expansão do porte de arma para os proprietários rurais e os incentivos dados ao agronegócio pelo próprio governo. Na imagem publicada, ao invés de um agricultor, a imagem mostrava a silhueta de um homem armado.

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De 2010 a 2015, o Brasil liderou por cinco anos consecutivos o ranking de violência no campo feito pela ONG Global Witness, que em 2017 denunciou que o país é o mais letal para militantes que lutam em defesa da terra e do meio ambiente. Em 2020, o Relatório Conflitos no Campo, da Comissão Pastoral da Terra, documentou e sistematizou 1.576 ocorrências de conflitos por terra em 2020, o maior número desde 1985, quando o relatório começou a ser publicado.

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Diante dos acontecimentos, que repercutiram pelo desrespeito com a agricultura familiar, setor que garante 70% dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco realizou uma doação de 13 toneladas de alimentos da reforma agrária na manhã desta quinta-feira (29), no Armazém do Campo, em Recife.

Paulo Mansan, da coordenação estadual do MST, destaca a importância de mobilizações como esta em um momento de retrocessos nas políticas voltadas às trabalhadoras e trabalhadores rurais. "É muito importante dizer ao governo Bolsonaro que, enquanto ele promove a violência, a gente escolhe a solidariedade. Mesmo com pouco ou nenhum incentivo, a agricultura familiar está produzindo alimentos saudáveis”, afirma.

::MST doa 1 milhão de marmitas e 5 mil toneladas de alimentos durante a pandemia::

Os alimentos serão destinados à Rede de Bancos Populares de Alimentos da Campanha Mãos Solidárias, que está localizada em várias periferias do Recife e da Região Metropolitana, e cerca de mil marmitas serão distribuídas para a população em situação de rua, na capital pernambucana. Desde o início da pandemia da Covid-19, o MST constrói e fortalece iniciativas de produção de alimentos saudáveis e a solidariedade entre o meio rural e urbano através da campanha, que atua em diversas regiões do estado.

 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga