Pandemia

Brasil registra 1.099 vítimas de covid-19 em um período de 24 horas

Nesta quinta-feira (5), 21,57% dos brasileiros estão totalmente vacinados com duas doses de uma das vacinas disponíveis

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A primeira dose de algum imunizante já foi aplicada em 52,64% da população
A primeira dose de algum imunizante já foi aplicada em 52,64% da população - Aizar Raldes / AFP

O Brasil registrou nesta quinta (5) mais 1.099 vítimas de covid-19 em um período de 24 horas. Com o acréscimo, o país chega a 560.706 mortos pela infecção respiratória, desde o início da pandemia, em março de 2020.

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Em relação aos novos casos reportados, foram 40.045 novos registros, totalizando 20.066.587 desde março do ano passado. As informações são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

O avanço da vacinação no país, como esperado, segue dando resultados, mesmo diante da rejeição à ciência pelo presidente Jair Bolsonaro.

Nesta quinta-feira (5), 21,57% dos brasileiros estão totalmente vacinados com duas doses de uma das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, ou em dose única, da Janssen.

A primeira dose de algum imunizante já foi aplicada em 52,64% da população. Com a expansão da cobertura vacinal, desde o dia 12 de abril o Brasil vê uma tendência de recuo nos casos e mortes.

Nesta quinta-feira, a média diária de mortes por covid no Brasil está em 887 óbitos a cada um dos últimos sete dias. Trata-se do menor índice desde o dia 8 de janeiro, período anterior à chamada “segunda onda”, quando a pandemia teve seu período mais letal até aqui, entre fevereiro e início de abril.

O número também é inferior aos apresentados durante a “primeira onda”, entre maio e agosto do ano passado. A média de infecções diárias segue caminho similar, e está em 32.460; menor valor desde o dia 27 de novembro de 2020.

Ameaças

A Organização Mundial da Saúde (OMS) renovou hoje o alerta que a pandemia está longe do fim em todo o mundo. A entidade reforça que a variante delta, que se espalha em todos os continentes, representa uma ameaça real aos esforços da vacinação.

Aonde chega a cepa, que foi identificada pela primeira vez na Índia, o número de casos volta a subir. Nos países com vacinação avançada, como os da comunidade europeia, isso não representou aumento de mortes. Logo, as vacinas seguem eficazes. Entretanto, estudos apontam que as primeiras doses dos imunizantes têm queda importante de suas eficácias contra a variante delta.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou na noite de quarta-feira (4) um estudo que reforça a tendência de queda nos indicadores da covid na maior parte do Brasil. Entretanto, estados como Rio de Janeiro e São Paulo, que já contam com transmissão comunitária confirmada da delta, o número de casos notificados apresentam tendência de alta.

“De acordo com os indicadores de transmissão comunitária, todos os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde com nível de transmissão alto ou superior, exceto Roraima. Por mais que os sinais de tendência sejam, em sua maioria positivos, com poucos estados indicando sinais de crescimento, os valores semanais ainda são elevados”, afirma a instituição.

Sobre a transmissão, a Fiocruz alerta que os indicadores seguem fora de controle.

“O estudo registrou sinal de queda na tendência de longo prazo – ou seja, em relação às últimas seis semanas – mas, quanto às últimas três semanas, os dados indicam sinal moderado de crescimento. O número de óbitos continua a cair. Apenas Acre, Mato Grosso do Sul e Pará apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Destaque para o Acre, único estado que registrou sinal forte de crescimento”, relata o boletim.

Desigualdade

Ontem, a OMS emitiu alerta para que países com vacinação avançada aguardassem orientação para aplicação de terceiras doses de reforço. A estratégia tem sido debatida como forma de enfrentar o crescimento do contágio comunitário pela variante delta.

Estudos apontam que elas podem ser eficientes, sobretudo na proteção dos mais idosos e imunossuprimidos. Porém, a entidade argumenta que existe uma grande desigualdade na distribuição e aplicação de vacinas no mundo. Também reafirma que duas doses são suficientes para frear o vírus.

“A OMS  está pedindo uma moratória sobre as doses de reforço das vacinas até pelo menos o fim de setembro, para permitirmos que ao menos 10% da população de cada país seja vacinada”, disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom.

O pedido de Adhanom tem fundamento em dados reais. De todas as doses de vacinas produzidas pelo mundo até agora, 80% foram compradas pelos dez países mais ricos.

Enquanto isso, continentes inteiros sofrem com a falta de imunizantes. Caso da África, por exemplo, que registra apenas 1,5% da população imunizada. "Nós apelamos a todos com influência — atletas olímpicos, investidores, executivos, líderes religiosos e a cada indivíduo em sua própria família e comunidade — para que apoiem o nosso pedido”, completou Adhanom.

Descaso

“Eu compreendo a preocupação de todos os governos em proteger seus povos da variante delta. Mas não poderíamos, nem deveríamos, aceitar que países que já utilizaram a maior parte do suprimento global de vacinas usem ainda mais, enquanto os povos mais vulneráveis do mundo permanecem desprotegidos”, criticou o diretor-geral da OMS.

No entanto, os pedidos da OMS foram desconsiderados por parte das potências mundiais. Ao menos Estados Unidos, Israel, Alemanha e França rejeitaram a moratória.

“Nós definitivamente sentimos que esta é uma escolha falsa e podemos fazer ambas as coisas, enviar doses para o exterior e assegurar a imunização de todos”, reforçou Tedros, diante da negativa dos norte-americanos.

Também nesta quinta (5), o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou a imunização com terceira dose de idosos e imunossuprimidos no país.