Na mira do Senado

Ricardo Barros e Precisa voltam a ser tema nos próximos depoimentos da CPI da Covid

Comissão ouve na terça-feira executivo da Belcher, empresa sediada em Maringá, cidade de Ricardo Barros

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Deputado Ricardo Barros rodeado por senadores bolsonaristas, em entrevista coletiva, após o fim de seu depoimento - Jefferson Rudy/Agência Senado

A CPI da Covid volta a se reunir publicamente nesta terça-feira (24), com o depoimento do sócio da Belcher Farmacêutica do Brasil Emanuel Catori. O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), é supostamente ligado à Belcher Farmacêutica, segundo apuração da CPI.

A agenda da semana foi anunciada pelo vice-presidente da Comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao final do tenso depoimento de Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, na última quinta-feira (19). A Belcher foi intermediária da farmacêutica chinesa CanSino, fabricante da vacina Convidecia, com o Ministério da Saúde. Randolfe foi o autor do requerimento de convocação. Segundo ele, o depoente precisa esclarecer “os detalhes das negociações” em torno do imunizante.

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Catori causa muito interesse por já ter feito transmissões online com os empresários bolsonaristas Luciano Hang e Carlos Wizard “para tratar da venda da vacina para o Brasil”, justificou o vice-presidente. A farmacêutica é sediada em Maringá, cidade de Ricardo Barros. Ela assinou contrato com o Ministério da Saúde para intermediar a compra da Convidecia em negócio que ultrapassaria R$ 5 bilhões.

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Na quarta-feira (18), a CPI incluiu Ricardo Barros entre os investigados da comissão. Na quinta, aprovou a quebra de sigilo fiscal do deputado federal. A ministra Cármen Lúcia, do STF, determinou que a CPI se manifeste em 24 horas (a partir da notificação) sobre o pedido do líder do governo para suspender suas quebras de sigilo. Na semana passada, Barros declarou que a comissão poderia quebrar seus sigilos que não acharia “nada”.

Um banco que não é banco

Na quarta-feira (25), a oitiva será com Roberto Pereira Ramos Júnior, presidente do FIB Bank Garantias S.A., sediada em Barueri, na Grande São Paulo. Ramos Júnior foi convocado por requerimento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). A empresa emitiu uma “carta de fiança” que a Precisa Medicamentos, de Maximiano, entregou ao Ministério da Saúde. A garantia incidia sobre 5% do valor do contrato da Covaxin, de R$ 1,6 bilhão, que a CPI desmascarou e conseguiu, com isso, interromper. Apesar do nome, Fib Bank não é um banco.

“Esta mesma empresa, que o Banco Central informa não ser autorizada a atuar como instituição financeira, tem sido contestada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, nas garantias que tem prestado a contribuintes alvos de execuções fiscais”, diz Jereissati na justificativa. Segundo ele, “a FIB Bank não tem honrado as cartas de fiança apresentadas em negócios particulares, motivando outras tantas ações judiciais”, continua o autor da convocação. O “banco” é classificado pelo parlamentar como “uma sociedade estranha” ligada empresas donas de terrenos “que não existem”.

Na quinta-feira (26) os senadores ouvirão o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo. Ele foi convocado por requerimento do senador bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE). O interesse do parlamentar é desviar o intenso foco da CPI nos negócios obscuros do Ministério da Saúde sob a gestão do ministro Eduardo Pazuello.

Os três depoentes previstos para a semana foram convocados pela Comissão. Isso significa que estão obrigados a comparecer ao depoimento no dia e hora agendados.